Um levantamento divulgado nesta quarta-feira (7) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelou uma queda significativa de 45,7% na área desmatada da Amazônia entre as duas temporadas analisadas. Este é o maior decréscimo proporcional de desmatamento no local já registrado para o período.
Na temporada anterior, entre agosto de 2022 e julho de 2023, foram desmatados 7.952 km². Com a atual redução, a taxa divulgada é a menor para uma temporada anual do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) desde 2017/2018.
Em julho de 2024, foram registrados 666 km² de alerta de desmatamento na Amazônia, o que representa um aumento de 33% em comparação com o mesmo mês de 2023, quando foram registrados 500 km². Esse aumento reverte uma tendência de redução de 55% em relação a julho de 2022.
A despeito da queda anual, o aumento mensal de desmatamento em julho sinaliza a complexidade e a urgência de ações contínuas e eficazes para combater essa devastação ambiental. A oscilação nos números mostra a necessidade de vigilância constante.
Recorde de desmatamento no Cerrado
Em comparação, o Cerrado, o segundo maior bioma da América do Sul, registrou um recorde de desmatamento na última temporada, com 7.015 alertas de desmatamento, um aumento de 9% em comparação com a temporada anterior. A série do Inpe para o Cerrado começou em 2017, e esse bioma tem enfrentado desafios crescentes.
Bianca Nakamato, especialista em Conservação do WWF-Brasil, explica a persistência do problema. “O Cerrado é atualmente a principal fronteira agrícola para a produção de commodities. A gente vê no bioma o avanço do cultivo de soja acompanhado pelo desmatamento, especialmente na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Esse avanço traz consigo diversas ameaças, incluindo violações de direitos humanos e a perda de biodiversidade”, disse em entrevista ao G1.
Mesmo meses após o anúncio da retomada do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado, o governo federal ainda não concluiu seu planejamento específico para o bioma. Em 2023, o Cerrado foi responsável por 61% do desmatamento no país, enquanto a Amazônia respondeu por 25%.
Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, avalia que o governo foi eficaz no combate ao crime, mas falhou em controlá-lo no Cerrado. “Existem pessoas que desejam prejudicar a imagem do país e apoiar o desmatamento. Esses agentes, que contribuem para o aumento do desmatamento e destruição, estão presentes no governo, no Congresso e até em parte do Supremo Tribunal. Portanto, é uma tarefa árdua para os setores que trabalham para reduzir esses números, manter os índices atuais ou diminuí-los ainda mais”, argumentou.
Segundo especialistas, o aumento do desmatamento pode ser causado pelo avanço da fronteira agrícola, pela falta de proteção eficaz das terras de povos tradicionais, pela seca sazonal (que aumenta a propensão a incêndios), e diversas outras razões.
No Cerrado houve aumento de 9% do desmatamento no período, concentrado nos estados do Matopiba (75%).
Os dados apontam reversão nos últimos 4 meses, com queda de 25% de abril a julho na comparação com o mesmo quadrimestre de 2023. Em julho houve queda de 26,7%.
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— Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (@mmeioambiente) August 7, 2024