levantamento de 2023

Favela cresce e movimenta mais de R$ 200 bilhões

Segundo a pesquisa Data Favela, o número de comunidades dobrou na última década, totalizando 13.151 mapeadas pelo país.

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(Crédito: Getty Images)

A pesquisa Data Favela 2023 mostra que, se as favelas brasileiras formassem um estado, seria o terceiro maior do Brasil em população. Segundo a pesquisa, o número de favelas dobrou na última década, totalizando 13.151 mapeadas pelo país. A renda movimentada pela população dessas comunidades também aumentou, e quebrou a barreira dos R$ 200 bilhões, R$ 12 bilhões a mais em relação ao último ano.

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Atualmente, mostra o Data Favela, são estimados 5,8 milhões de domicílios em favelas com 17,9 milhões de moradores. Desse total, 5,2 milhões já empreendem, 6 milhões sonham ter um negócio próprio, e sete em cada dez pretendem abrir o empreendimento dentro da favela. Apesar dos números expressivos, apenas 37% dos empreendimentos são formalizados e têm um CNPJ.

A pesquisa quantitativa foi realizada entre 6 e 13 de março de 2023 e entrevistou 2.434 moradores de favela distribuídos entre todas as regiões do país.

O fundador do Data Favela, Renato Meirelles, explicou que o aumento da população em comunidades se deve ao custo de vida elevado nas cidades e a busca por uma moradia mais barata nos últimos anos.

“A favela é a concentração geográfica das desigualdades sociais, e muitas vezes o morador não encontra no emprego formal a oportunidade para desenvolver toda sua potencialidade. O morador da favela só vai conseguir ganhar mais do que dois salários mínimos se empreender dentro da favela. Assim, pode usar o seu potencial e fazer com que o dinheiro das favelas fique dentro das próprias favelas”, disse.

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Os dados mostram ainda que, nos próximos 12 meses, 6,5 milhões de pessoas pretendem comprar um imóvel, e 7,9 milhões têm intenção de comprar móveis para casa. As informações reforçam que o principal sonho dos moradores de favela (34%) é ter uma casa própria, sendo que as mulheres (38%) são as que mais almejam a segurança da casa própria, enquanto 29% dos homens têm esse desejo. Na sequência, aparecem como principal sonho ter um negócio próprio (13%) e ter saúde (10%).
Já sobre educação, 7,9 milhões pretendem iniciar um curso profissionalizante, e 5,6 milhões um curso de idiomas. Porém, para 61% dos moradores que participaram da pesquisa o que falta para realizar as metas é dinheiro.

Para Meirelles, a pesquisa deixa claro que a retomada econômica do Brasil vai começar pela favela, um universo que representa 18 milhões de pessoas, que movimenta R$ 200 bilhões e tem na capacidade empreendedora sua matriz econômica. “Esse evento [concentração demográfica] é muito importante para acabar com os estigmas que existem na favela. Lá, a grande maioria é trabalhadora, são as mulheres que lideram a economia, que cuidam dos filhos, dos outros. Na favela são os negros que formam a maior força econômica”.

 

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