O empresário Fernando Sastre de Andrade, 56 anos, dono do Porsche envolvido em acidente com morte em São Paulo em março, é acusado de agressões físicas pela ex-mulher, Eliziany Silva, 48 anos. As denúncias foram feitas em dois boletins de ocorrência registrados por ela em julho e novembro do ano passado.
O acusado é pai do também empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos. Ele se entregou ao 30º Distrito Policial – Tatuapé após envolver-se em um acidente no qual seu carro de luxo colidiu com um Renault Sandero, matando o motorista de aplicativo de 52 anos Ornaldo da Silva Viana. O acidente ocorreu na Avenida Salim Farah Maluf, na zona leste de São Paulo. Segundo testemunhas, o Porsche trafegava muito acima da velocidade máxima permitida na via, de 50 km/h, na hora do choque.
A notícia sobre as agressões praticadas por Fernando Sastre foi divulgada pela coluna True Crime, d’O Globo. Em seus relatos à polícia, Eliziany contou que vivia um relacionamento abusivo com Fernando Sastre desde 2008. O casal teria rompido definitivamente em novembro de 2022. No período em que ficaram juntos, marcado por algumas rupturas, a mulher diz ter sido submetida a agressões físicas, ameaças e até a estupros.
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Acusações
Um dos abusos foi registrado em novembro de 2023. No documento, Eliziany relembra que saiu para jantar com sua filha, sua irmã e o empresário. Ela descreve que acredita que o Fernando colocou algo em sua bebida, pois perdeu a consciência momentaneamente.
Ainda disse que lembra de ele ter deixado sua filha e sua irmã em casa. Depois, acordou em um motel com o empresário e completamente nua. Ele teria dito a ela que os dois tiveram relações sem proteção. Nos dias seguintes, Eliziany contou ter sofrido com dores e sangramento.
No mesmo documento, ela relata outra situação, em setembro de 2020, em que Fernando foi ao seu apartamento, a agarrou e a obrigou a ter relações sexuais com ele. Ela fala sobre outras agressões físicas e até mesmo sobre uma ameaça com arma de fogo.
Eliziany ainda revela que o acusado controlava suas finanças e se aproveitava da situação para a ameaçar. “Que o investigado também tinha total controle sobre os bens e cartões da declarante, e ameaçava retirar da declarante caso fosse contrariado”, diz trecho do boletim de ocorrência.
Relembre o caso do Porsche
Marcus revelou que na noite de 30 de março, ele, Fernando e suas namoradas se encontraram e tomaram alguns drinks. Logo depois, eles seguiram para uma casa de pôquer, onde permaneceram jogando até o início da madrugada do dia 31.
De acordo com o estudante de medicina, ele se ofereceu para ir como passageiro do amigo para garantir que ele não fizesse nenhuma “besteira”, já que Fernando estava “estava alterado por conta da bebida“. Ele ainda revelou que o amigo dirigia tranquilamente, mas ao entrar na avenida em que o acidente ocorreu, ele “deu uma acelerada“.
Além disso, Marcus disse que “não tem lembranças de como se deu o acidente“. O delegado Nelson Alves, titular do 30° Distrito Policial (DP), delegacia onde o caso foi registrado, questionou se o estudante lembrava como foi a batida entre o Porsche e o Sandero de Ornaldo, e ele disse que só se lembra de estar no chão após o acidente e com dores, e que só voltou à consciência quando “já estava internado“.
Testemunhas ouvidas pela Polícia Civil afirmam que o motorista do Porsche estava em alta velocidade e sob efeito de álcool. O empresário negou ter bebido, mas admitiu estar “um pouco acima do limite” de velocidade, embora “não muito acima“. Fernando será julgado por homicídio culposo (sem intenção de matar), lesão corporal culposa na direção de veículo automotor e fuga do local do acidente.
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini