Rio terá concertos beneficentes para desabrigados de Petrópolis

A iniciativa faz parte do programa Arte de Toda Gente; os ingressos têm preços populares – R$ 20 inteira e R$ 10 meia – e podem ser adquiridos pela internet

A Fundação Nacional de Artes (Funarte) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizam hoje (16), às 19h, no Teatro Dulcina, na capital fluminense, o Concerto por Petrópolis, cuja renda reverterá para as famílias desabrigadas pelos deslizamentos de 15 de fevereiro, no Morro da Oficina, em Petrópolis, região serrana do estado. A iniciativa faz parte do programa Arte de Toda Gente.

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Os ingressos têm preços populares – R$ 20 inteira e R$ 10 meia – e podem ser adquiridos pela internet. O concerto será repetido no dia 19 deste mês, às 19h, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, situada na Rua Montecaseros, região central de Petrópolis. 

Para as instituições, somente a arte consegue amenizar o sentimento de luto dos petropolitanos, vítimas da tragédia no município. As famílias desabrigadas foram acolhidas pela Paróquia de Santo Antônio, localizada no bairro Alto da Serra. 

Concertos

Os concertos serão executados pela Orquestra Sinfônica da UFRJ, sob o comando do maestro Felipe Prazeres. O programa é formado por obras de compositores que se relacionam com a cidade de Petrópolis. Um deles é o compositor César Guerra-Peixe, nascido na cidade em 1914. Nome dos mais conhecidos e reconhecidos da música brasileira, Guerra-Peixe foi aluno da Escola de Música Santa Cecília. Suas obras orquestrais são executadas constantemente no Brasil e no exterior. Ele homenageou sua cidade natal com a obra Petrópolis de minha infância, composta em 1976, que o público terá oportunidade de conhecer.

Discípulo de Guerra-Peixe e com histórico familiar ligado à Escola de Música Santa Cecília, Ernani Aguiar é atualmente um dos mais consagrados compositores brasileiros. De sua autoria, será tocada a obra Instantes II, presente em uma série de peças para orquestra de cordas.

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O pianista, regente e compositor Octávio Maul, também nascido em Petrópolis, em 1901, teve importante atuação na cidade, onde fundou, com a pianista Alcina Navarro, o Instituto Musical de Petrópolis. Foi professor do Instituto Nacional de Música e, como compositor, deixou várias obras, dentre elas Improviso para cordas, que será executado no concerto.

Embora natural do Ceará, Alberto Nepomuceno, diretor do Instituto Nacional de Música, subia com frequência do Rio para Petrópolis. Uma de suas obras mais conhecidas e executadas, a Serenata para Cordas, foi composta e estreada na cidade, em concerto realizado em 29 de fevereiro de 1902, no Clube dos Diários Associados.

Outro compositor que, assim como Nepomuceno, foi diretor do Instituto Nacional de Música, é Henrique Oswald, que recebeu bolsa do Imperador D. Pedro II durante o período em que viveu na cidade de Florença, na Itália. Ao retornar ao Brasil, adquiriu uma casa em Petrópolis, onde passou longas temporadas e compôs várias obras. Sua composição Romanza para Cordas, obra de seu período europeu, composta em 1898, faz parte do programa que será apresentado.

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Encerramento

No Rio de Janeiro, o concerto será encerrado com uma obra do compositor carioca Ronaldo Miranda, interpretada por um dos mais destacados cantores líricos brasileiros nascido em Petrópolis. Trata-se de Marcelo Coutinho, hoje professor de canto da Escola de Música da UFRJ e ex-integrante do Coro dos Canarinhos de Petrópolis. Esse grupo forneceu a base da educação musical de Coutinho, possibilitando o desenvolvimento de uma carreira eclética, na qual estão presentes a canção de câmara, a ópera, os musicais e a atividade como dublador e diretor musical.

Marcelo Coutinho interpretará Cantares, de Ronaldo Miranda, com texto de Walter Mariani, cuja versão para orquestra de cordas foi por ele estreada. Já o concerto do dia 19, em Petrópolis, será finalizado com a participação especial do Coral dos Canarinhos, que apresentará o Ave Verum Corpus, de Mozart, sob a regência de seu maestro titular, Marco Aurélio Lischt.

Tradição musical

Fundada em 16 de março de 1848, por iniciativa do Imperador Pedro II, Petrópolis desenvolveu ao longo de sua história uma importante tradição musical, reunindo instituições, cantores, instrumentistas e compositores que se tornaram conhecidos no Brasil e no mundo. Destaque para a Escola de Música Santa Cecília, fundada pelo maestro Paulo Carneiro, em 1923; o Instituto dos Meninos Cantores, que abriga o famoso Coral dos Canarinhos de Petrópolis; e a Sociedade Artística Villa-Lobos, fundada em 1970 pela professora Maria de Lourdes Tornaghi, a violinista Mariuccia Iacovino e o pianista Arnaldo Estrella.

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Atividades artísticas também importantes continuam sendo desenvolvidas em outras instituições como a Universidade Católica, o Centro de Cultura que, por muitos anos, foi a casa do Coral Municipal de Petrópolis, e os teatros Santa Cecília e D. Pedro.

A Funarte ressaltou que a importância das atividades musicais de Petrópolis se reflete também na quantidade de instrumentistas nascidos na cidade que fazem parte hoje dos quadros das mais importantes orquestras brasileiras, e de cantores que participam de temporadas líricas de teatros do Brasil e do exterior. Entre os artistas da música nascidos em Petrópolis, foram citadas as cantoras Vera Janacópulos (1892-1955) e Maria de Sá Earp (1909-1989) e a pianista Magdalena Tagliaferro (1893-1986), além dos homenageados da noite, como os compositores Octávio Maul (1901-1974) e César Guerra-Peixe (1914-1993) e o cantor e professor da UFRJ Marcelo Coutinho.

(Agência Brasil)

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