![Após demitir o general Valerii Zaluzhnyi, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, nomeou Oleksandr Syrsky como o novo chefe do exército. Vale salientar que Syrsky não é um nome estranho. Afinal, ele lidera as forças terrestres ucranianas desde 2019.](https://brasil.perfil.com/wp-content/uploads/2024/02/Abre-Perfil-Brasil-REDIMENSIONADO-2024-02-08T182146.281.jpg)
Após demitir o general Valerii Zaluzhnyi, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, nomeou Oleksandr Syrsky como o novo chefe do exército. Vale salientar que Syrsky não é um nome estranho. Afinal, ele lidera as forças terrestres ucranianas desde 2019. Mediante essa mudança, Zelensky fez uma publicação em seu perfil do X nesta quinta-feira (8), agradecendo a Zaluzhnyi pelo serviço prestado. Embora a mudança seja anunciada como uma separação amigável, acredita-se amplamente que se trata da demissão de Zaluzhnyi, o que ocorre em um momento conturbado da guerra para a Ucrânia.
I met with General Valerii Zaluzhnyi.
I thanked him for the two years of defending Ukraine.
We discussed the renewal that the Armed Forces of Ukraine require.
We also discussed who could be part of the renewed leadership of the Armed Forces of Ukraine.
The time for such a renewal… pic.twitter.com/tMnUEZ3BCX— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) February 8, 2024
Ainda que Zelensky admita que Zaluzhnyi deva permanecer em sua equipe, ele reitera que a estratégia militar do país precisa mudar. Vale ressaltar que essa medida é a mudança mais drástica realizada no alto escalão militar da Ucrânia desde a invasão russa. “As tarefas de 2022 são diferentes das de 2024. Portanto, todos devem mudar e adaptar-se também às novas realidades para vencerem juntos”, declarou. O ministro da Defesa, Rustem Umerov, também apontou para a necessidade de novas abordagens e estratégias, destacando que “a guerra não permanece a mesma, a guerra muda e exige mudanças”.
Em relação a abordagem adotada até o momento, Zelensky afirmou que no ano anterior a Ucrânia conseguiu retomar o controle do espaço aéreo. Contudo, ele admitiu que não alcançou os objetivos no campo de batalha. Por fim, o presidente enfatiza a necessidade do país implementar sistemas de rotação de trabalho e adotar uma abordagem renovada para mobilização e recrutamento.
Divergências entre Zelensky e o antigo chefe do exército?
À Al Jazeera, Rob McBride reportou que nas últimas semanas tem havido um aumento significativo de especulações sobre possíveis desacordos entre Zelensky e seus principais comandantes militares, especialmente em relação à estratégia da guerra. “Zaluzhnyi não é um homem fácil de remover, ele é amplamente visto aqui como um herói militar e também como um potencial rival político de Zelensky aqui no futuro”, foi o que disse sobre a saída do chefe do exército.
McBride acrescenta que os ucranianos reconhecem Zaluzhnyi como o responsável por ter frustrado o ataque russo em grande escala há dois anos. Mas o chefe do exército também não deixa de receber os créditos pelos contratempos militares.
Alguns especialistas alertaram sobre possíveis consequências decorrentes dessa mudança. Entre elas, eles destacam o risco de criar divisões entre o exército ucraniano e os políticos, além de aumentar a incerteza entre os aliados ocidentais. Mick Ryan, afiliado ao Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington, chegou a dizer que Zaluzhnyi é um “líder militar carismático e popular”, indicando que sua substituição seria desafiadora. Syrsky, seu sucessor, precisará estabelecer relações sólidas com os principais comandantes militares dos Estados Unidos e da OTAN.
Nesse momento, a Ucrânia enfrenta dificuldades com suprimentos militares e pessoal. Enquanto isso, um impasse político nos Estados Unidos está retardando a assistência ao país. Ainda, o anúncio de Zelensky surge em um contexto em que as forças russas intensificam os esforços para capturar a cidade de Avdiivka, no leste da Ucrânia. Além disso, os russos vêm aumentando o número de tropas no campo de batalha e bombardeando as defesas ucranianas, enquanto Kiev passa por um esgotamento de recursos.
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini