Abono salarial pode ser liberado para quem não tem carteira assinada

O governo federal estuda mudanças no Abono Salarial e Seguro-Desemprego para promover justiça social e eficiência econômica

Mais de 720 mil trabalhadores ainda não sacaram o abono do PIS/Pasep
Mais de 720 mil trabalhadores ainda não sacaram o abono do PIS/Pasep – Créditos: depositphotos.com / rafapress

O governo federal está considerando uma série de medidas para reorganizar suas despesas e promover uma gestão mais eficiente dos recursos públicos. Uma das principais estratégias inclui revisar o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e outros auxílios, como o abono salarial e o seguro-desemprego. O objetivo é implementar políticas públicas que sejam mais equitativas e contribuam para a competitividade da economia.

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Além de ajustes fiscais, a equipe econômica do governo busca modernizar as políticas sociais para torná-las mais justas e orientadas às necessidades atuais da população. Isso inclui mudanças nos critérios de elegibilidade e na estrutura de distribuição dos benefícios, visando uma distribuição mais equânime dos recursos.

O que é o Abono Salarial?

O abono salarial, também conhecido como abono do PIS/Pasep, é um benefício anual que pode chegar até um salário mínimo. Este auxílio é destinado a trabalhadores que têm carteira assinada e recebem até dois salários mínimos por mês. No entanto, o governo está propondo uma mudança importante: desvincular o abono das características de emprego formal, passando a avaliar a renda per capita da família.

O secretário de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas do Ministério do Planejamento, Sérgio Firpo, menciona que a ideia é tornar a política social mais moderna. A nova abordagem sugere que o abono seja concedido com base na renda da família, em vez de depender exclusivamente da situação de emprego formal do indivíduo.

Por que o Abono Salarial pode deixar de ser vinculado à carteira assinada?

Segundo Firpo, uma das justificativas para essa mudança é que os trabalhadores com carteira assinada já possuem benefícios que os favorecem em relação aos trabalhadores informais. Além disso, a forma atual de distribuição do abono permite que múltiplos membros de uma mesma família recebam o benefício, independentemente da sua condição econômica global.

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Para ilustrar essa questão, Firpo cita o exemplo de uma família com três pessoas, onde dois adultos ganham até dois salários mínimos cada, totalizando até R$ 5.648 mensais. Com uma renda per capita de quase R$ 2.000, essa família estaria entre os 40% mais ricos da população brasileira. Ainda assim, sob as regras atuais, ela seria elegível para receber o abono salarial.

  • Famílias com múltiplos membros que trabalham podem cumulativamente receber mais de um abono.
  • O critério de renda per capita é mais justo e equitativo, alinhando-se ao modelo do Bolsa Família.

Quais mudanças no Seguro-Desemprego estão sendo consideradas?

Outra área sob análise é o seguro-desemprego. A combinação desse benefício com a multa de 40% do FGTS para demissões sem justa causa pode desincentivar a retenção de empregos, especialmente em momentos de crescimento econômico. No Brasil, o aumento do seguro-desemprego tem sido observado em períodos de economia aquecida, o que contrasta com a prática em outros países.

Firpo explica que o sistema atual oferece duas formas de proteção ao trabalhador: o seguro-desemprego e a multa do FGTS. Todavia, essas políticas muitas vezes não beneficiam os trabalhadores mais pobres. As discussões sobre a reformulação dessas políticas continuam em fases iniciais e requerem um diálogo abrangente com o Ministério do Trabalho.

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  1. Estudos mostram que o seguro-desemprego e a multa do FGTS podem redundar em incentivos contrários à retenção de empregos.
  2. O benefício do seguro-desemprego raramente atinge os indivíduos mais necessitados.

Qual o impacto financeiro das mudanças propostas?

As propostas de reformulação do abono salarial e do seguro-desemprego representam uma tentativa de melhor alocação dos recursos públicos. Prevê-se que esses benefícios consumirão R$ 87,5 bilhões no próximo ano, em comparação com os R$ 81,5 bilhões estimados para este ano. Implementar essas mudanças poderá contribuir para maior justiça social e eficiência econômica.

Em resumo, essas medidas são parte de um esforço mais amplo para ajustar as políticas sociais e assistenciais, refletindo as complexidades do mercado de trabalho atual e promovendo uma distribuição mais equânime dos benefícios.

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