Nesta quinta-feira (19), no Rio de Janeiro, o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou que a decisão final sobre o retorno do horário de verão será tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em até 10 dias. A medida vem sendo discutida por diversas autoridades do setor elétrico, com a expectativa de um anúncio oficial ainda em setembro de 2024.
O retorno do horário de verão está sendo cogitado como uma forma de economizar energia durante o período de estiagem que o Brasil enfrenta. A proposta foi inicialmente sugerida pelo próprio ministro, que mencionou tanto aspectos econômicos quanto de economia de energia nessa decisão.
Horário de verão: viável e prudente?
As conversas sobre o retorno do horário de verão envolvem diversos órgãos, como o Ministério de Minas e Energia, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A decisão, porém, está nas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda segundo Silveira, ministérios como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também participarão das discussões antes que uma decisão seja tomada.
O ONS elaborou um relatório que recomenda o retorno do horário de verão como uma medida prudente e viável, considerando o planejamento para os próximos anos. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o índice pluviométrico atual é o menor dos últimos 74 anos, o que aumenta a urgência de medidas para economizar energia.
O que dizem os especialistas?
Segundo a CNN, specialistas estão divididos sobre a eficácia do horário de verão. André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), aponta que o impacto da medida não é uniforme entre os setores econômicos. Setores como turismo, comércio e serviços tendem a se beneficiar da mudança, enquanto a indústria e o agronegócio poderiam enfrentar desafios.
- Benefícios para setores como turismo e comércio.
- Desafios para a indústria, que opera em turnos contínuos e pode sofrer desajustes.
- Agronegócio pode não ver benefícios significativos.
Braz explica que mudanças de horário podem gerar desajustes nos turnos de trabalho da indústria, afetando a produtividade no curto prazo. A indústria não se beneficia diretamente da economia de energia, pois o consumo é mais concentrado durante o dia.
Por que o horário de verão foi extinto?
Em 2019, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o horário de verão foi suspenso. Na época, a decisão foi baseada em estudos que analisaram tanto a economia de energia obtida quanto os efeitos no relógio biológico da população. A base para a suspensão envolveu questionamentos sobre a efetividade da economia de energia e os possíveis impactos negativos no bem-estar da população.
Com a economia crescendo e as demandas energéticas em alta — um aumento de 5% no consumo foi registrado em setembro —, o governo de Lula da Silva pondera a reintrodução do horário de verão. No entanto, mesmo com o crescimento da demanda, o ministro Silveira destaca que “não há risco de crise energética” no momento.
As próximas reuniões que discutirão esse tema incluirão representantes de diversos setores do governo e serão fundamentais para fornecer uma decisão mais embasada ao presidente.
A decisão sobre o retorno do horário de verão será complexa e envolverá uma análise cuidadosa de múltiplos fatores. Apesar do cenário energético desafiador, qualquer medida tomada deverá considerar os impactos econômicos, sociais e ambientais. Aguardamos agora a decisão final do presidente Lula da Silva, que será anunciada em até 10 dias.