barreiras no atendimento

Marginalização de mulheres trans e travestis ainda é uma realidade no acesso à saúde

Embora tenha havido certos avanços no atendimento de saúde, as análises mostram que mulheres trans ainda enfrentam marginalização no sistema médico

Embora este seja um avanço recente, muitas pessoas trans ainda enfrentam o medo de serem maltratadas ao buscar atendimento médico
Embora este seja um avanço recente, muitas pessoas trans ainda enfrentam o medo de serem maltratadas ao buscar atendimento médico – Crédito: Canva Fotos

A abordagem com pessoas trans deve ser feita de forma mais cautelosa, com o intuito de evitar a reprodução de preconceitos e estereótipos. Os transgêneros são indivíduos cuja identidade de gênero difere do sexo atribuído ao nascer. Embora tenha havido certos avanços no atendimento de saúde, as análises mostram que mulheres trans ainda enfrentam marginalização no sistema médico.

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Publicada na Revista Brasileira de Epidemiologia, uma pesquisa revelou que mulheres trans e travestis, devido à falta de acesso a médicos e ao medo de discriminação, estão utilizando hormônios sem prescrição médica. O estudo acompanhou 1.317 participantes em cinco capitais brasileiras e concluiu que o uso de hormônios não prescritos é prevalente, especialmente entre as mais jovens.

Falta de preparo médico para atender pessoas trans

De acordo com o Dr. Daniel Mori, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, muitos médicos ainda não estão preparados para atender pessoas trans de maneira adequada. “Apesar de protocolos de hormonioterapia para pessoas trans existirem há muitos anos, apenas recentemente esses ensinamentos foram incluídos nas faculdades de medicina. A realidade é que poucos profissionais têm o conhecimento necessário e a vontade de buscá-lo“, afirma Mori.

Ele destaca que a dificuldade de acesso a serviços de saúde se deve, em grande parte, ao medo de como o profissional irá abordar e tratar o paciente. Essa barreira no atendimento médico leva muitas pessoas trans a recorrerem a tratamentos sem orientação médica, colocando sua saúde em risco.

Quais são as barreiras no atendimento de saúde?

Uma das principais barreiras no acesso à saúde para pessoas trans é o medo de sofrer discriminação. “A falta de conhecimento do profissional é um grande obstáculo, assim como a falta de serviços especializados“, explica Mori. Ele acrescenta que, historicamente, os serviços de saúde não estavam preparados para receber pessoas trans de forma respeitosa.

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O preconceito pode se manifestar em diversas etapas do atendimento, desde a recepção até a consulta médica. “Foi uma luta conseguir incluir o nome social nos registros públicos e nos serviços de saúde“, lembra Mori. Embora este seja um avanço recente, muitas pessoas trans ainda enfrentam o medo de serem maltratadas ao buscar atendimento médico.

A saúde mental de pessoas trans é um aspecto crucial que não pode ser negligenciado. Mori enfatiza que o preconceito dentro de casa pode agravar a saúde mental, levando a transtornos mentais e até ao suicídio. Estudos indicam que a rejeição familiar pode aumentar em sete a dez vezes o risco de transtornos mentais.

Acolhimento e respeito por parte da família são essenciais para proteger a saúde mental desses indivíduos“, recomenda Mori. Ele sugere que o melhor caminho é entender e apoiar a pessoa trans em sua jornada, buscando ajuda profissional juntos, se necessário.

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Dr. Daniel Mori reforça a importância de possuir um médico de confiança durante todo o processo de transição. Ele também destaca a necessidade de homens trans continuarem a ir ao ginecologista e mulheres trans possuírem um urologista de confiança. “O acompanhamento médico especializado é fundamental para a saúde contínua das pessoas trans”, conclui.

A melhoria no atendimento de saúde requer esforços conjuntos de educação nas faculdades de medicina, criação de serviços especializados e, acima de tudo, respeito e acolhimento por parte de toda a sociedade.

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