Balança comercial registra déficit de US$ 176 milhões em janeiro

Tradicionalmente, o ano começa com resultado negativo

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(Crédito: Canva Fotos)

Em janeiro, a balança comercial registrou déficit de US$ 176 milhões, pressionada pelos custos internacionais da energia. Esse é o terceiro ano seguido em que as importações superaram as exportações no primeiro mês do ano, tradicionalmente marcado por déficits comerciais.

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Apesar do resultado negativo, o déficit comercial caiu 20% em relação a janeiro de 2021, quando o país tinha importado R$ 220 milhões a mais do que tinha exportado. A última vez em que o país tinha registrado superávit comercial em janeiro foi em 2018, com resultado positivo de US$ 1,656 bilhão.

O saldo ficou negativo, apesar de as vendas externas terem batido recorde para o mês, desde o início da série histórica, em 1989. No mês passado, as exportações somaram US$ 19,673 bilhões, com alta de 25,3% em relação a janeiro de 2021 pelo critério da média diária. O recorde anterior havia sido registrado em janeiro de 2018 (US$ 16,769 bilhões).

As importações totalizaram US$ 19,849 bilhões, crescimento de 24,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado, também pela média diária. O valor foi o terceiro mais alto registrado para meses de janeiro desde 1989, perdendo apenas para janeiro de 2014 (US$ 20,238 bilhões) e de 2013 (US$ 20,157 bilhões).

Setores

Em janeiro, a agropecuária e a indústria de transformação registraram crescimento nas vendas para o exterior. O valor das exportações agropecuárias subiu 97,5% em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano passado. O principal fator foi a recuperação da safra de soja, que fez as exportações saltarem 5.007% no período.

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No fim de 2020 e no início de 2021, o Brasil enfrentou uma crise na safra de soja, que levou o país a importar o grão por alguns meses para suprir a demanda. Outros produtos que estavam em crise no ano passado também iniciaram 2022 com recuperação nas exportações, como o milho não moído (43% em relação a janeiro de 2021) e café não torrado (34,5%).

Ao longo do ano passado, a seca e as geadas provocaram diversas quebras de safras. Em janeiro, o volume de mercadorias agropecuárias exportadas aumentou 60,1%, enquanto o preço médio subiu 28,6%.

As vendas da indústria de transformação subiram 36,1% em janeiro na comparação com o mesmo mês de 2020. Os destaques foram combustíveis (120,7%), gorduras e óleos vegetais (1.106,2%) e produtos semiacabados de ferro ou aço (179,7%).

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Prejudicadas pela queda no preço internacional de alguns minérios, as exportações da indústria extrativa recuaram 18,6% em relação a janeiro do ano passado. Contribuíram para a queda os minérios de ferro (36,8%) e de cobre (68,8%).

Do lado das importações, as compras do exterior da agropecuária caíram 15,7% em janeiro na comparação com janeiro do ano passado. Por causa da alta no preço internacional do petróleo, a indústria extrativa registrou alta de 325,8% nas compras do exterior. As importações da indústria de transformação subiram 14,9%. Os principais destaques foram gás natural (501%), petróleo bruto (420,1%) e carvão mineral (335,5%).

Estimativa

Para 2022, o governo prevê superávit de US$ 79,4 bilhões, valor parecido com o deste ano. A estimativa já considera a nova metodologia de cálculo da balança comercial. As projeções estão mais otimistas que as do mercado financeiro. O Boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 57,2 bilhões neste ano.

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Em abril do ano passado, o Ministério da Economia mudou o cálculo da balança comercial. Entre as principais alterações, estão a exclusão de exportações e importações fictícias de plataformas de petróleo. Nessas operações, plataformas de petróleo que jamais saíram do país eram contabilizadas como exportação, ao serem registradas em subsidiárias da Petrobras no exterior, e como importação, ao serem registradas no Brasil.

Outras mudanças foram a inclusão, nas importações, da energia elétrica produzida pela usina de Itaipu e comprada do Paraguai, num total de US$ 1,5 bilhão por ano, e das compras feitas pelo programa Recof, que concede isenção tributária a importações usadas para produção de bens que serão exportados. Toda a série histórica a partir de 1989 foi revisada com a nova metodologia.

(Agência Brasil)

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