Por Lilian Coelho
Nesta terça-feira, 23, o Brasil atingiu mais um triste recorde: mais de três mil mortes em 24 horas. A lentidão no ritmo de imunização, a falta de ações mais enfáticas no enfrentamento à covid-19 gerou uma mobilização de economistas, banqueiros e empresários: uma carta, com mais de 500 assinaturas de importantes nomes do setor financeiro, cobra medidas do governo em relação à pandemia e que, consequentemente, traz reflexos na economia.
Na carta, o grupo faz um diagnóstico da situação do Brasil no enfrentamento à covid e apresenta possíveis soluções para melhorar o cenário que hoje está posto definido pelos signatários como “desolador”.
Os economistas defendem que o governo tenha coordenação à frente da pandemia. Eles afirmam que a postura de um líder que desdenha da ciência, defende tratamento sem eficácia comprovada e estimula aglomerações “reforça comportamentos irresponsáveis, aumenta os óbitos e aumenta os custos que o país incorre.”
Defendem que, na ausência do governo federal, governos estaduais possam comprar vacinas, adotar medidas para conter a doença, decretar lockdown e eventuais restrições. Pedem ainda que o governo federal deixe de agir contra o gestor que adotar estes tipos de ações.
“Muitos estados não tiveram alternativa senão adotar medidas mais drásticas, como fechamento de todas as atividades não essenciais e o toque de recolher à noite. Os gestores estaduais e municipais têm enfrentado campanhas contrárias por parte do governo federal e dos seus apoiadores.”
Quanto ao auxílio emergencial, afirmam que “há sólida evidência de que programas de amparo socioeconômico durante a pandemia aumentaram o respeito às regras de isolamento social dos beneficiários. É, portanto, não só mais justo como mais eficiente focalizar a assistência nas populações de baixa renda, que são mais expostas nas suas atividades de trabalho e mais vulneráveis financeiramente. “
Entre os que assinaram a carta estão os ex-ministros Maílson da Nóbrega e Joaquim Levy, além dos economistas Alexandre Schwartsman, Pedro Parente e Carlos Kawall.
O manifesto não cita o nome do presidente Jair Bolsonaro. O link para adesão e assinaturas foi retirado do ar, depois de ultrapassar 1.500 nomes e, agora, será enviado aos líderes dos três Poderes.
Em pronunciamento em cadeia nacional, na noite desta terça-feira, o presidente disse que “em nenhum momento o governo deixou de fazer o que era importante para salvar vidas e a economia.” E garantiu que, em 2021, todos os brasileiros estarão vacinados.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Perfil Brasil.