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Em suas finanças, você é impactado pelo efeito Dunning-Kruger? Conheça-o e liberte-se

*Por Simone Costa.

Em suas finanças, você é impactado pelo efeito Dunning-Kruger Conheça-o e liberte-se
(Crédito: Canva Fotos)

Eu lhe pergunto, em suas finanças, você é impactado pelo efeito Dunning-Kruger?

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Mas afinal o que é este efeito e como ele impacta em sua vida financeira?!

Trata-se de um assunto delicado em se tratando de suas finanças. Por isso, leia com discernimento. O Dicionário de Português no diz que “discernimento” significa a aptidão para avaliar algo com sensatez, com bom senso.

O efeito Dunning-Kruger é um viés cognitivo que faz com que pessoas que não têm conhecimento sobre determinado assunto superestimem suas habilidades e capacidades e, as que de fato possuem domínio sobre o assunto, se subestimem.

As pessoas de modo geral podem dizer que não afetadas por este efeito, mas quando tomamos um medicamento por achar “que sabemos qual é o melhor remédio para dor de cabeça” este viés está presente em nós. A não ser que a pessoa seja um médico, de modo geral, ela não tem a capacidade de receitar um remédio a si próprio, pois uma simples dor de cabeça pode ser indicativa de outro problema que só um “especialista” conseguirá investigar. Superestimando as capacidades, esta pessoa que tomou o remédio por conta própria pode estar potencializando o problema de saúde a aumentando os seus próprios riscos.

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Do mesmo modo ocorre na vida financeira. Inúmeras vezes se aplica um conceito que se “imagina” que será o mais adequado. Contudo, será que é eficaz? Esse efeito faz com que as pessoas sigam apenas as suas próprias premissas por julgarem “saber de mais” sobre o assunto. Isso pode fazer com que se desvie o caminho almejado ou ainda não se atinja plenamente o objetivo pretendido.

Diante disso, eu lhe pergunto: você sabe mesmo tudo o que acha saber sobre a sua vida financeira?

Para aprofundarmos este assunto, apresento o contexto deste efeito cognitivo.

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O nome deste viés – Dunning-Kruger – tem origem em um experimento realizado em 1999 pelos psicólogos Justin Kruger e David Dunning da Cornell University. O estudo deles norteou a seguinte investigação: o que levava as pessoas a tomarem decisões errôneas e alcançarem resultados indesejados devido acreditarem em um conhecimento que não possuíam?

E você sabe como tudo começou? Você conhece a história do suco de limão que traz a invisibilidade?

Ocorreu um fato inusitado em meados da década de 1990. Em Pittsburgh, um homem chamado McArthur Wheeler, de 44 anos, roubou dois bancos durante o dia. O curioso deste fato é que não utilizou nenhuma máscara, touca ou roupa para cobrir seu rosto e dificultar sua identificação. É fato que ele foi preso pouco tempo depois do ocorrido. Quando foi preso, Wheeler confessou os crimes e disse que tinha passado suco de limão em seu rosto pois acreditava que se aplicasse o suco em seu rosto isso o deixaria invisível para as câmeras. Sim, foi isso mesmo!

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Peculiar também foi a descoberta posterior da origem desta ação realizada por Wheeler. A ideia sem embasamento científico (ou qualquer fundamento) foi oriunda da sugestão de dois amigos que comentaram com Wheeler que se ele aplicasse suco de limão no rosto ficaria invisível. E, para garantir que o que os amigos tinham dito era verdade ele passou suco de limão ao rosto e em seguida tirou uma foto. Na foto, de fato, não apareceu nada, pois os amigos tinham buscado outro enquadramento, provavelmente do teto, e o rosto dele não apareceu na imagem. Diante disso, Wheeler acreditou que se passasse suco de limão no rosto ficaria invisível e isso fez com que ele cometesse os assaltos.

Não preciso nem dizer que este caso repercutiu e muito. E, algum tempo depois David Dunning e começou a investigar o caso pois não conseguira acreditar na história de que um homem “colocou suco de limão no rosto para ficar invisível”.

Você pode estar pensando, mas o que isso tem a ver com minhas finanças? E eu te digo, tudo!

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Quantas vezes você fez ações sem fundamento apenas porque acreditava? E, quantas vezes você seguiu a orientação de amigos que não tinham conhecimento nenhum sobre o tema de planejamento financeiro pessoal? Quantas coisas já comprou porque te disseram que era bom e depois se arrependeu? Enquanto negócios já se envolver por “recomendação” e não deram certo?

Digo que uma coisa é dizer conhecer e outra é conhecer “de verdade” e praticar. Fazendo uma analogia, as pessoas podem até dizer que “sabem o que fazer para uma outra pessoa andar de bicicleta”. E eu pergunto, essa pessoa que fez a recomendação já andou? Apresentou os riscos de cair e se machucar? Informou quantas vezes e como deve praticar até aprender a andar sem as “rodinhas”?

Em suma, os especialistas “de verdade” além de terem o conhecimento teórico possuem a prática e isso faz com que estimem mais adequadamente os riscos e formulem recomendações. Não estou dizendo que nunca erram. Apenas afirmo que essa possibilidade é minimizada.

Retomando ao caso de Dunning. Para investigar profundamente este efeito ele propôs um experimento e convidou Justin Kruger, um aluno que se destacava entre os demais. Considerou a seguinte hipótese: poderia ser possível que a própria inaptidão de uma pessoa a deixasse inconsciente dessa mesma inabilidade?

Além deste experimento, ele realizou outros e todos com alunos da Faculdade de Psicologia da Universidade de Cornell.

Os resultados destes estudos mostraram que quanto maior a inabilidade de uma pessoa, menos consciente ela era disso. Em contrapartida, os assuntos que tais pessoas tinham domínio, elas tendida a subestimar.

Diante disso, as conclusões do estudo apontaram que:

  • As pessoas são incapazes de reconhecerem a própria inaptidão.
  • Apresentaram tendência a não reconhecerem a competência de outras pessoas.
  • Mostraram que não são capazes de se conscientizar o quão inaptos são em uma área.
  • Uma vez treinados para elevar determina competência, as pessoas serão capazes de reconhecerem a aceitarem a inaptidão anterior.

Frente ao exposto, eu lhe pergunto, como você avalia os seus conhecimentos referentes ao tema planejamento financeiro pessoal? Essa reflexão é importante uma vez que suas decisões financeiras determinam o seu futuro neste âmbito.

O estudo de Dunning-Kruger provou que a tendência dos indivíduos é superestimar suas capacidades de conhecimento quando não as detém.

Algo positivo que vejo neste estudo é que uma das conclusões apuradas que diz que as pessoas “treinadas” podem aumentar determinado competência e conhecimento se primeiramente reconhecerem que precisam aprender mais.

E quando aprendemos mais e temos educação financeira podemos:

  • Reconhecer nossas as capacidades financeiras “reais”.
  • Tomar decisões respeitando esta capacidade e considerando juntamente as limitações.
  • Proteger mais adequadamente os nossos recursos.
  • Traçar objetivos de curto, médio e longo prazos e se planejar para alcançá-los.
  • E por fim, alcançar a gestão das finanças em todos os âmbitos.

Você quer isso para sua financeira?

O principal propósito desta coluna é disseminar o tema planejamento financeiro na prática e para isso é preciso ter disposição para seguir as premissas e orientações que serão publicadas.

E você, está disposto?

Então não perca o próximo artigo! Vamos fazer um teste financeiro para determinar seu ponto de partida.

Até mais!

*Superintendente Comercial e Estratégia de Negócio na Matarazzo Investimentos, Especialista em Investimentos certificada com o CFP®, MiFID II, CAMS e autora do livro “Planejamento Financeiro: Você no Controle!”.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Perfil Brasil.

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