sob pena de multa

Justiça dá 5 dias para USP explicar por que jovem não foi considerado pardo e perdeu vaga de medicina

Alison dos Santos Rodrigues conseguiu a vaga via Provão Paulista, mas banca de heteroidentificação cancelou sua matrícula

A Justiça deu cinco dias para que a USP explique por que negou vaga para o curso de medicina ao jovem Alison dos Santos Rodrigues, de 18 anos.
O jovem de Cerqueira César (SP) foi aprovado pelo Provão Paulista no curso de medicina da USP, mas perdeu a matrícula – Crédito: Reprodução

A Justiça deu cinco dias para que a Universidade de São Paulo (USP) explique por que negou vaga para o curso de medicina ao jovem Alison dos Santos Rodrigues, de 18 anos. Ele teve sua matrícula cancelada após ter sua autodeclaração racial rejeitada.

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Alison dos Santos Rodrigues é da cidade de Cerqueira César, no interior de São Paulo (SP). Ele foi aprovado no vestibular via Provão Paulista, do governo de SP, na categoria “cotistas egressos da rede pública e autodeclarados PPIs (pretos, pardos e indígenas)”. No entanto, a instituição de ensino superior não o identificou como pardo. 

O jovem chegou a viajar por cinco horas até a faculdade para participar do primeiro dia letivo e, lá, soube de sua desqualificação. Agora, o caso corre pela 2ª Vara Cível de Cerqueira César. A multa diária é de R$ 500 e limitada ao teto de R$ 20 mil.

Em nota, a USP informou que “quaisquer ordens judiciais serão cumpridas pela USP e serão apresentadas em juízo todas as informações que explicam e fundamentam o procedimento de heteroidentificação”.

No caso dos alunos que fizeram o “Provão Paulista”, as bancas de heteroidentificação da universidade foram realizadas virtualmente.

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A defesa do jovem afirmou em nota que “o que se extrai dos fatos é que os parâmetros utilizados pela Comissão de Heteroidentificação são absolutamente subjetivos, sem critérios adequados para serem aferidos. Por isso, permitir que a USP apresente a motivação da decisão que negou provimento ao recurso administrativo apresentado pelo candidato, é permitir que ela se beneficie da própria torpeza, uma vez que a instituição teve a oportunidade de justificar os motivos da sua decisão quando enviou o e-mail da negativa, e não o fez”.

Posicionamento da família e da USP

Laise Mendes, tia do jovem, contou ao g1 que a família está “lutando”. “Pois ele tem os critérios que a USP pede, ele tem os traços, ele fala que sempre soube que é pardo, se declara pardo, e eles não querem aceitar as pessoas como elas são. Isso é injusto.”

“Mandaram e-mail de boas-vindas e depois informaram que não iria se encaixar no PPI. Eles o analisaram por vídeo, que durou um minuto, ele leu só um texto. No meio da recepção de calouros, eles nos enviaram o e-mail falando que havia sido negado em PPI. Ficamos sem chão, afinal, no dia 23, havíamos recebido o e-mail que ele havia sido aprovado e poderia fazer a matrícula do dia 26 ao dia 28. Quando deu errado, choramos muito, ficamos sem saber o que fazer”, completou a tia.

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Em nota anterior, a USP se posicionou quanto ao caso do jovem. “Alisson dos Santos Rodrigues, a deliberação final se deu na última sexta-feira, dia 23 de fevereiro, e foi enviada no dia subsequente. Importante frisar que todos os candidatos que estavam com recursos sendo analisados sabiam que a matrícula estava condicionada ao resultado das bancas de heteroidentificação. O que o estudante tinha era uma pré-matrícula condicionada ao resultado do processo de heteroidentificação”.

* Matéria publicada com supervisão de Ricardo Parra.

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