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‘Eles vão atacar você’: Paola Egonu fala sobre racismo e o vôlei

A jovem de 24 anos revelou os desafios que enfrentou como filha de imigrantes nigerianos na Itália, e os motivos pelos quais decidiu se afastar da seleção italiana em 2022

Paola Egonu revelou os desafios que enfrentou como filha de imigrantes na Itália, e os motivos pelos quais decidiu se afastar da seleção.
(Crédito: Reprodução/ANSA)

Na Itália, a jogadora de vôlei Paola Egonu é um nome conhecido. Com apenas 22 anos, ela carregou a bandeira olímpica na cerimônia de abertura das Olimpíadas de Tóquio e detém o recorde mundial feminino de velocidade de spike. Em entrevista à emissora Al Jazeera, a jovem de 24 anos revelou os desafios que enfrentou como filha de imigrantes no país europeu, e os motivos pelos quais decidiu se afastar da seleção italiana em 2022.

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Nascida na Itália com pais nigerianos, Paola só obteve a cidadania italiana aos 14 anos. “Sou grata pelo que tive na Itália enquanto crescia… mas sinto que há algumas pequenas coisas que gostaria de mudar, para os meus próprios filhos”, disse.

Com o objetivo de dar voz à sua comunidade e mostrar que compreende o que algumas crianças de origens minoritárias passam, Paola revelou um incidente racista que vivenciou ainda no jardim de infância. “Lembro que tive que ir ao banheiro, então fui até minha professora e disse ‘ei professora, preciso ir ao banheiro’, e ela disse ‘não, você não pode’. Eu repeti isso três vezes, até não conseguir mais aguentar”, lembrou.

E, naquele momento, a professora veio e riu de mim, e disse ‘ai meu Deus, você cheira tão mal, os negros fedem’”. Voltando para casa, a mãe da atleta disse a ela: “Você precisa ser sempre a melhor, sempre limpa, se comportar bem, [ficar atenta ao] jeito que você fala, você precisa ser perfeita, porque eles vão atacar você”.

Hoje, como uma das melhores jogadoras de vôlei do mundo, Paola decidiu dar uma pausa em suas atividades na seleção italiana em 2022, após ser alvo de comentários racistas nas redes sociais depois da derrota da Itália para o Brasil nas semifinais do Campeonato Mundial.

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Ler e ouvir essas coisas me fez duvidar ainda mais de mim mesma. E a pior foi: ‘Ela é italiana?’ Fiquei arrasado’”, disse a atleta. Depois que o país conquistou a medalha de bronze ao derrotar os Estados Unidos, Paola desabou ao conversar com seu agente em um vídeo que se tornou viral nas redes sociais.

Eles não entenderam que, naquele momento, eu não era uma atleta. Era uma menina que estava machucada, cansada e chorando”, lamentou. “Eles acharam que eu estava sendo mimada e agindo mal, que eu só queria atenção. E foi isso que mais me machucou porque sim, sou atleta, sim, sou forte, mas também sou humana e tenho sentimentos“.

Determinada a deixar isso para trás, Paola mudou-se para a Turquia e ajudou a garantir o troféu da Liga dos Campeões CEV para seu clube, o VakifBank. “Não permitirei que ninguém que não saiba como é acordar todos os dias e lutar por algo em que você realmente acredita tire esse sonho de mim”, afirmou.

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