68 DIAS DE SILÊNCIO

Biden diz não se arrepender de ter guardado documentos oficiais

Casa Branca levou mais de dois meses para vir a público sobre textos confidenciais encontrados em endereços privados do presidente.

Joe-Biden
Presidente dos Estados Unidos Joe Biden – Crédito: Drew Angerer/Getty Images

Durante uma visita à California para avaliar os estragos causados por tempestades, Joe Biden falou sobre a demora em trazer à publico a descoberta sobre documentos confidenciais em seus imóveis privados.

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“Eu acredito que vocês irão entender que não há nada [nos documentos]. Eu não tenho arrependimentos. Estou seguindo o que meus advogados disseram que queriam que eu fizesse”, afirmou o presidente americano.

A primeira leva de documentos confidenciais foi encontrada no início de novembro do ano passado, seis dias antes das eleições de meio de mandato nos Estados Unidos. Biden e seu time de conselheiros decidiram por lidar diretamente com o Departamento de Justiça, na tentativa de demonstrar transparência e cooperação com a entrega dos documentos.

A esperança era que, evitando divulgar o assunto e lidando diretamente com os investigadores, quando o assunto viesse a público sobressairia a boa-fé da equipe em lidar com o assunto. A expectativa era também de que não fosse aberto um processo investigativo do caso, buscando seguir todas as orientações do Departamento para prosseguir com as buscas por documentos.

Os conselheiros argumentaram que a única coisa que poderia gerar algum tipo de problema legal naquele momento seria tornar a descoberta pública, afinal não era incomum que documentos oficiais fossem encontrados depois que representantes deixam a Casa Branca.

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A estratégia legal foi clássica: cooperar com autoridades e evitar inquéritos. O grande problema que envolve o caso é que o que parece uma boa estratégia legal, pode não ser tão interessante do ponto de vista das relações públicas – o primeiro passo para evitar crises, é a transparência.

O principal advogado pessoal de Biden, Bob Bauer, chegou a dizer em nota que a equipe tinha a preocupação de que algo dito publicamente acabasse estando errado depois de mais investigações. “Revelações públicas contínuas e regulares colocam o risco de que, conforme mais informações se desenvolvem, as respostas dadas neste regime periódico podem estar incompletas”, declarou.

No entanto, mais de dez dias depois da revelação sobre a descoberta dos documentos, ainda não foram divulgados detalhes concretos sobre onde exatamente foram encontrados, qual o conteúdo e de onde vieram os papéis. As informações mais detalhadas foram tratadas a todo momento apenas em um círculo extremamente pequeno da Casa Branca, sendo expandido aos poucos conforme as investigações avançavam, mas sem que chegasse nem mesmo à equipe de comunicação e relações públicas oficial do governo.

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No dia 20 de dezembro a segunda leva de documentos foi encontrada e, quando questionado o motivo pelo qual advogados pessoais de Biden que não tinham autorização para lidar com documentos confidenciais estavam conduzindo as buscas, mas pessoas próximas do caso confirmaram que ouve aprovação do Departamento de Justiça.

Quando o terceiro lote de documentos foi encontrado na casa de Wilmington de Biden, o conselheiro especial Richard Sauber explicou que no total foram encontradas seis páginas de arquivos sigilosos. A Casa Branca havia divulgado que apenas uma página tinha sido encontrada, mas Sauber corrigiu a informação alegando que quando os advogados encontraram a primeira página, ele foi acionado e, tendo as credenciais necessárias, podia ter acesso aos documentos. Em seguida, o texto foi entregue aos investigadores do Departamento de Justiça que estavam presentes na residência no momento.

O foco da equipe de comunicação de Biden foi na diferenciação do caso do atual presidente com o de seu antecessor, Donald Trump, que se recusou a entregar os documentos ao Arquivo Nacional americano. No entanto, a falta de transparência afetou a imagem do chefe do executivo na perspectiva de uma reeleição na próxima disputa para o cargo.

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Acusações tanto dos democratas quando dos republicanos de Trump vieram à tona, mas os advogados ainda acreditam que existe tempo para que a estratégia seja recompensada. Enquanto por um pequeno período a imagem de Biden fica abalada, as contribuições podem evitar um levantamento de processos contra o atual presidente, encerrando o caso sem maiores problemas.

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