Nesta quarta-feira (20), manifestantes tomaram conta das ruas de Buenos Aires, por volta das 16h, no primeiro grande protesto contra o governo do recém-eleito presidente Javier Milei.
Após os protestos, o presidente Javier Milei transmitiu, para a TV e rádio, um pronunciamento no qual aparece acompanhado de todo o seu gabinete. “Hoje é um dia histórico para o nosso país. Depois de décadas de fracasso, empobrecimento e anomia, hoje iniciamos formalmente o caminho da reconstrução. Desde que assumimos o cargo, temos estado concentrados em tentar conter a enorme crise que herdamos”.
No comunicado, o presidente apontou o decreto de necessidade e urgência (DNU), para desregulamentar a economia do país. Entre as principais iniciativas do DNU estão as mudanças no sistema laboral, a simplificação de alguns procedimentos burocráticos para modernizar o Estado e a revogação da lei do arrendamento.
“Estamos fazendo o máximo para tentar reduzir os efeitos trágicos daquela que pode ser a pior crise da nossa história, produto de décadas de governos que insistiram em receitas fracassadas”, destacou.
Resumo dos protestos contra Milei
O movimento foi organizado pela Unidad Piquetera (UP) e contestou o “Plano Motosserra”, um pacote de medidas econômicas para corte de gastos públicos e contenção da inflação argentina.
Também servindo para testar a nova política antiprotesto pela ministra da Segurança Patricia Bullrich, os manifestantes seguiram para a Praça de Maio com suas reivindicações.
“Estamos todos nos mobilizando juntos neste 20 de dezembro contra a fome, em defesa do verdadeiro trabalho, dos salários, das pensões, da saúde e da educação, de todos os nossos direitos, contra a repressão e o ataque aos planos sociais. de organizações de direitos humanos, sociais, estudantis, ambientais, de género, sindicais e políticas, realizámos a primeira grande ação unitária de luta contra o ajustamento Milei-Caputo e o protocolo repressivo de Bullrich”, declararam os líderes do movimento.
Horas antes do protesto, a cobertura policial foi reforçada em diversos pontos da capital, assim como em estações ferroviárias, para contenção de eventuais manifestantes desembarcando. As forças tinham autorização de revistar qualquer passageiro.
Durante a mobilização, a polícia chegou a entrar em confronto contra os protestantes. Os incidentes foram registrados na Diagonal Norte, enquanto que em outras áreas, como a Avenida Belgrano, os agentes utilizaram spray de pimenta para contenção.
Havia uma expectativa em relação ao protesto, visto que Milei e Bullrich declararam medidas de repressão contra manifestações populares, como identificação de responsáveis, cobrança às organizações por qualquer dano cometido durante os atos, assim como a criação de uma lista de frequentes ofensores.
Na segunda-feira (18), a ministra do Capital Humano, Sandra Pettovello, reforçou a ideia ao afirmar o corte de benefícios sociais a qualquer manifestante identificado. “Os únicos que não vão receber benefícios sociais são os que forem à marcha e fecharem a rua. O presidente já disse ‘quem corta, não recebe'”.
“Hoje demos um passo muito importante”, constatou a ministra de segurança, Patrícia Bullrich. “Com este novo governo iniciamos uma forma diferente de lidar com os piquetes permanentes, os fechamentos permanentes de ruas que a Argentina vem sofrendo há mais de 20 anos”.
O prefeito de Buenos Aires, Jorge Macri, também comemorou o “sucesso da operação”. “O importante hoje é que mudou a lógica de quem controla as ruas. Viemos de um país e de uma cidade onde os manifestantes faziam o que queriam”.
O presidente Javier Milei estava, no começo dos movimentos, no Departamento Central da Polícia Federal do país, para monitorar as ações. Menos de uma hora depois, ele, Bullrich, Pettovello, e a secretária-geral da presidência, Karina Milei, se retiraram do local.
Confira o pronunciamento completo de Javier Milei aqui: