A deputada provincial de Santa Fé, na Argentina, Amalia Granata pediu nesta quarta-feira (13) a declaração de estado de exceção na região. Além disso, Amalia criticou o presidente Javier Millei por não ter visitado Rosário, cidade a três horas de Buenos Aires, que passa por onda de violência.
Na segunda-feira (11), a cidade amanheceu em paralisação, como protesto contra a violência e falta de ação pública. Foram assassinados dois taxistas, um motorista de ônibus e um frentista, todos de forma brutal, por grupos criminosos que disputam o controle do tráfico de drogas da região.
“A única coisa que vi é mais do mesmo do que já víamos em outros anos. Eles vêm, fazem uma coletiva de imprensa e são anúncios fracos em substância. A ministra [Patricia Bullrich] disse dados demais e não se pode dar tanta informação ao narcotráfico. Me pareceu inusitado“, disse Amalia ao jornalista Luis Novaresio.
Se referindo à situação de violência em Rosário, a deputada afirmou que “estamos todos paranoicos“. Granata também garantiu que a declaração de estado de exceção na província “é a única maneira para que as Forças Armadas possam atuar“.
A declaração do estado de exceção, basicamente, coloca o poder Executivo como mais importante do que os outros dois, o dando mais liberdade de decisão. Ele implica em diminuição de direitos como critérios para prisões, indefinição do tempo de prisão das pessoas, negação do acesso dos presos a advogados e julgamentos, entre outros.
Nesse sentido, ela explicou que esta é uma declaração que deverá partir do presidente, apesar que “deveria ser uma decisão em conjunto, deveria viajar à Rosário e juntar-se com o governador“, declarou.
A indignação de Amalia com a ausência de Milei
Ao ser questionada sobre a ação de Milei, através da ministra da Segurança Pública, Patricia Bullrich, Granata garantiu que o presidente está “arruinando” o combate ao crime organizando.
“Não sei porque ele ainda não está aqui em Rosário. Porque ele foi ver Trump, saiu correndo, foi a Israel, foi ver o Papa Francisco, porém aqui em Rosário, que está a quase 300 quilómetros de onde ele está, com voos de meia hora, ele não está“, disparou na entrevista.
Bullrich havia confirmado que o presidente teria previsto visitar a cidade entre 20 e 25 dias, porém o assessor presidencial, Manuel Adorni, afirmou que ainda não há confirmação na agenda de Millei.
Amalia também criticou o governador da província, Maximiliano Pullaro, por publicar nas redes sociais fotos das pessoas presas em operação contra o narcotráfico sentados no chão, sem camisa e cercados de guardas armados. “Bukele, quando começa a mostrar o que fez, já havia feito, já tinha todas as máfias encarceradas e tinha controlado a cidade. Bukele não tirou fotos e vídeos com três presos e a cidade detonada“, explicou a deputada.
Quando Granata cita Bukele, ela se refere a Nayib Bukele, presidente de El Salvador que implementou medidas drásticas em seu sistema carcerário e de polícia, além de ter decretado estado de exceção há dois anos. Atualmente, por volta de 1% dos salvadorenhos estão presos e organizações de direitos humanos criticam as medidas e as prisões, devido à falta de cumprimento das regras mínimas para o tratamento de detentos definido pela ONU e documentação de casos de tortura.
As fotos divulgadas pelo governador de Santa Fé e as medidas adotadas para combater a violência da região também foram alvos de críticas por organizações. “A política de endurecimento aplicada é na prática a ampliação do poder do serviço penitenciário, parte fundamental das redes de ilegalidade”, disse o Centro de Estudios Legales y Sociales (CELS), organização de direitos humanos argentina.
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini