ELEIÇÕES NA ARGENTINA

Entenda as propostas para a economia de Massa e Milei

No início da semana, eles participaram do último debate antes do pleito e apresentaram algumas propostas para a economia do país. Vejam os principais pontos

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(Crédito: Perfil.com)

O segundo turno das eleições na Argentina acontece neste domingo (19). No último debate, o foco se deu aos planos econômicos de cada candidato à Presidência.

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As pesquisas ainda mostram um cenário indefinido, com o candidato Javier Milei, líder da coalizão política La Libertad Avanza, pouco a frente de Sergio Massa, atual ministro da Economia do país e integrante da coalização Unión Por La Patria.

Economia Argentina

A economia é questão econômica muito preocupante ao governo, principalmente para Sergio Massa, que é ministro. A Argentina acumula hoje uma das maiores inflações do mundo, de 142% nos últimos 12 meses. Esse índice representa a maior inflação entre os países que integram o G20. Só em 2023, a alta dos preços é de 120%.

Além disso, o Peso, moeda oficial da Argentina, sofre com a forte desvalorização. O BofA (Bank of America) projetou em agosto que a moeda deve desvalorizar 70% até 2024. Para 2023, analistas do mercado de câmbio ainda esperam mais uma queda da moeda assim que o novo governo assumir (independentemente de quem vá ganhar).

No início da semana, eles participaram do último debate antes do pleito. Eles apresentaram algumas propostas para a economia do país.

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Propostas de Massa

As principais propostas de Massa são amplas e apostam muito na continuidade do que está sendo feito. O candidato fala em superávit comercial, câmbio competitivo e desenvolvimento com inclusão desde que assumiu o ministério, em agosto do ano passado. Ele também fala em políticas voltadas para o emprego e o debate acerca do endividamento externo junto a órgãos internacionais. Além disso, o candidato aposta na valorização e exploração de recursos naturais da Argentina, como gás natural, petróleo e lítio. Não há detalhamento sobre Massa pretende combater a inflação.

Para Federico Servideo, diretor-presidente da Câmara de Comércio Argentino, avalia que falta ênfase em falar mais sobre a necessidade de um ajuste fiscal na Argentina. Ele afirma que o candidato sabe da importância do ajuste, mas que não fala tanto sobre porque o tema não vai ao encontro com algumas políticas praticadas pelo governo que ele mesmo integra.

Isso não está claro na campanha de Massa, ele não fala isso com todas as palavras, mas na minha leitura é inevitável. Qualquer que seja o presidente precisará fazer um drástico ajuste fiscal. A proposta de Massa de longo prazo para ajustar a economia através de crescimento é uma proposta válida, mas está faltando ajuste fiscal”, destaca Servideo.

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Apesar do cenário econômico ser delicado, “o discurso de Massa não apresenta ruptura”, avalia Pedro Brites, professor de Relações Internacionais da FGV.

Para o professor, o candidato governista tem apostado muito mais em aprofundar certas tendências que despontaram ao longo do governo Fernández e que poderiam ser alavancadas.

“Não é uma ruptura, é um aperfeiçoamento do que se ensaiava nos últimos anos. Acho que ele tem apostado muito mais nisso. Eu diria que hoje ele tem focado muito mais na defesa de que você tem uma incerteza em relação às propostas do Milei”, enfatiza Brites.

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Propostas de Milei

O candidato Javier Milei já apresenta propostas mais radicais para a economia do país. O candidato fala em dolarizar a economia da Argentina, (chegou a dizer que o peso argentino é “excremento”), fechar o Banco Central e até restringir relações com a China, um dos principais parceiros econômicos do país sul-americano.

O candidato aposta em mudanças mais bruscas para antagonizar Massa. Ele chama o candidato de “delinquente”, e diz que o governo do qual Massa participa rouba os argentinos.

Os analistas avaliam que ao longo da campanha, o candidato Milei precisou moderar o tom. E que muitas das propostas são inviáveis do ponto de vista prático, ao menos no curto prazo.

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De acordo com Brites, a própria dolarização da economia é algo difícil de ser feito em um país com pouca reserva de dólares, hoje na casa dos US$ 21 bilhões. Ele também cita o “custo político e diplomático” que determinadas ações trariam para o país. “Para conseguir estabelecer a economia, você tem ter estabilidade nas relações. Então, é mais difícil colar esse discurso [com o eleitorado]”, diz.

Sobre essas relações, o candidato é crítico da China e do Brasil, mais precisamente, do presidente Lula (PT).

Ao ser questionado no debate por Massa no debate se o candidato manteria relações com os dois países, Milei disse que não há problemas em não tratar com o presidente brasileiro. “Você pertence a um governo em que o Alberto Fernández não falava com o Bolsonaro. Que problema tem em eu falar ou não com o Lula?”, declarou.

Com isso, o candidato passou a separar um pouco discurso político e o econômico. Segundo Federico, Milei tem recuado em alguns aspectos.

“Ele deu um passo para trás em várias das ideias, no sentido de indicar que, ao contrário do que se esperava, [as propostas dele] não são medidas imediatas. Não dá para dolarizar [a economia] sem dólares. Ele mesmo começou a repensar ideias que não necessariamente serão [implementadas] no dia 1 ou nos primeiros 100 dias de governo. [Ele fala em] Não ter relação política com o presidente Lula. Mas as empresas vão continuar fazendo negócio com o Brasil e a China. Ele começou a separar um pouco a discurso político do discurso econômico agora que a campanha está chegando no final”, finaliza Servideo.

* Leia mais sobre as eleições na Argentina em Perfil.com

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