MEMÓRIA

“Netanyahu odeia a paz”, diz ex-ministro da Cultura palestino

No livro “Quero estar acordado quando morrer”, lançado no Brasil pela editora Elefante, ele relata o cotidiano da destruição em Gaza e a luta pela sobrevivência enquanto tenta voltar para Ramallah

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Escritor palestino e e-ministro da Cultura palestino Atef Abu Saif – Crédito: Divulgação

Em um cenário de intensas tensões e conflitos contínuos, a situação em Gaza continua a ser alarmante. No princípio da guerra, no dia 7 de outubro de 2023, o ministro da Cultura da Palestina, Atef Abu Saif, nadava no mar quando ouviu as primeiras explosões. Naquele dia, o palestino começou a registrar os eventos em um diário. No livro “Quero estar acordado quando morrer”, lançado no Brasil pela editora Elefante, ele relata o cotidiano da destruição em Gaza e a luta pela sobrevivência enquanto tenta voltar para Ramallah, na Cisjordânia. Em 30 de dezembro, ele conseguiu atravessar a fronteira de Rafah e chegou ao Egito.

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O conflito na visão do palestino

O início do conflito em Gaza foi marcado por ações militares intensas e um número crescente de vítimas. Saif descreve o caos e a expectativa de que o conflito poderia se estender até o final do ano. De acordo com ele, o som dos passos na areia molhada é uma lembrança constante do primeiro dia de guerra, onde muitos, incluindo jornalistas, perderam a vida.

A guerra também trouxe uma carga pessoal devastadora. O escritor menciona a morte de seu pai em abril, num campo de refugiados, devido à falta de comida e recursos médicos adequados. Além disso, 138 membros de sua família foram vítimas do conflito. As condições de vida em Gaza tornaram-se desesperadoras, com famílias sendo forçadas a morar em barracas improvisadas, enfrentando condições climáticas adversas que transformam chuvas em uma ameaça mortal.

A invasão israelense do Líbano gerou uma mudança no foco da atenção mundial, segundo Saif. Ele acusa o governo israelense de desviar a atenção dos crimes cometidos em Gaza. Ainda, o palestino afirma que Netanyahu odeia a paz e usa as negociações para prolongar a guerra”. Nesse sentido, o temor de que o conflito possa se expandir, envolvendo outros países como o Irã, é uma preocupação constante. A questão palestina permanece no cerne da instabilidade regional, e muitos acreditam que a paz duradoura no Oriente Médio só será alcançada quando as aspirações palestinas forem atendidas.

O papel dos jornalistas na guerra

O conflito em Gaza é considerado o mais mortífero para jornalistas na história recente, com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas relatando 116 mortes. Saif dedica seu livro a Bilal Jadallah, um líder influente no jornalismo de Gaza, e compara esta guerra contra jornalistas a uma guerra contra a verdade. A destruição de bibliotecas e museus na região é vista como uma tentativa de apagar a memória palestina e controlar a narrativa.

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A Autoridade Nacional Palestina enfrenta graves acusações de corrupção e falta de legitimidade. Atef Abu Saif critica a falta de apoio internacional para pressionar Israel a alcançar um acordo de paz e enfatiza que o principal problema é a ausência de um estado reconhecido. Sem a possibilidade de realizar eleições plenas devido a restrições de votos em Jerusalém, a governança eficaz permanece um desafio. Saif sugere a inclusão de todos os grupos políticos, incluindo o Hamas, num processo democrático e colaborativo.

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