EX-PAPA

Relatório aponta que João Paulo II teria acobertado casos de pedofilia

Falecido pontífice teria transferido padres para outras dioceses após tomar conhecimento das ocorrências.

Relatório aponta João Paulo II teria encoberto casos de pedofilia
Ex-papa teria ficado sabendo dos casos antes de tornar-se Sumo Pontífice (Crédito: Salah Malkawi/ Getty Images)

A figura do ex-Papa João Paulo II foi alvo de severos questionamentos quando veio à tona uma reportagem na qual ele era acusado de ter acobertado abusos cometidos por padres pedófilos. Antes de se tornar Sumo Pontífice, o falecido Papa polonês teria conhecimento dos casos polêmicos, que motivaram sua decisão de transferir os padres para outras dioceses, segundo a investigação, para evitar um escândalo.

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Uma investigação recente, liderada por Michal Gutowski, disparou o alarme ao afirmar que Karol Wojtyla, antes de assumir o cargo de máxima autoridade eclesiástica, tinha conhecimento de casos envolvendo “padres pedófilos” pertencentes à Igreja Católica. Naquela época, ele servia como cardeal em Cracóvia, de acordo com o controverso relatório.

O investigador apontou que, para evitar escândalos, o ex-Papa teria decidido transferir os padres em questão para outras dioceses, algumas delas “tão distantes quanto a Áustria”, segundo noticiou o jornal Mail Online.

O papado de João Paulo II durou 27 anos, de 1978 até sua morte em 2005. Entre os eventos mais controversos, a investigação revelou que Wojtyla escreveu uma carta de recomendação para um padre acusado de abuso ao cardeal de Viena, Franz Koenig, e encobriu as graves acusações, segundo Gutowski.

O autor do relatório afirma que conversou com vítimas de padres pedófilos, bem como com seus familiares e ex-funcionários da diocese da igreja.

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Ele também acessou documentos eclesiásticos e material da polícia secreta e do serviço de inteligência que operam na República Popular da Polônia, mais conhecida por suas iniciais ‘SB’.

Por outro lado, Gutowski referiu-se às dificuldades que enfrentou durante a investigação, dado que a diocese de Cracóvia lhe teria negado o acesso aos seus próprios arquivos documentais.

Um testemunho em primeira pessoa “compromete” João Paulo II em um suposto encobrimento

Sob condição de anonimato, uma das fontes de Michal Gutowski afirmou que ele havia informado pessoalmente Wojtyla sobre atos de pedofilia atribuídos a um padre em 1973.

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“Wojtyla primeiro queria ter certeza de que não era uma farsa”, disse a fonte. “Ele pediu que não fosse denunciado em lugar nenhum, disse que cuidaria disso”, acrescentou a voz anônima que deu pistas a Gutowski.

A partir daí, o cardeal ordenou que o episódio fosse mantido “em absoluto sigilo”.

Thomas Doyle, ex-padre católico americano e autor de um dos primeiros relatórios sobre abusos cometidos pelo clero católico nos Estados Unidos, alertou que a pesquisa de Gutowski era “inovadora”.

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Segundo Doyle, ficou demonstrado que João Paulo II sabia que o problema existia antes mesmo de se tornar Papa.

Bento XVI também apresentou queixas por acobertamento

Relatório aponta João Paulo II teria encoberto casos de pedofilia
Bento XVI foi acusado de encobrir casos de violência sexual contra menores de idade (Crédito: Peter Macdiarmid/ Getty Images)

Não é a primeira vez que o Vaticano enfrenta denúncias dessa natureza. De fato, o falecido Ratzinger lidou com alegações de encobrimento de abuso sexual de menores. Apesar de esta situação ter ficado conhecida depois do seu pontificado, Bento XVI foi acusado de ter pleno conhecimento das violações ocorridas antes de chegar ao Vaticano.

Tudo veio à tona depois que foi publicado um relatório da equipe de advogados do Westpfahl Spilker Wastl sobre os casos de abuso sexual de menores que envolveram religiosos alemães e que compila quase 500 violações contra menores.

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AC/ED

*Texto publicado originalmente em Perfil.com

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