Criminosos condenados e recolhidos em penitenciárias de Idaho, nos Estados Unidos, estão se tornando populares nas redes sociais. Isso se deve a um programa de ressocialização de alcance mundial. De dentro da cadeia, os detentos vêm gravando vídeos para se comunicar com pessoas de fora.
Alguns presos estão em busca de uma simples amizade, enquanto outros procuram namoradas. Há quem peça dinheiro e até solicite ajuda para sair da prisão. Para passar o tempo, os detentos recorreram à plataforma Idaho Inmate Penpal, que os conecta ao mundo exterior por meio de vídeos curtos.
A plataforma Idaho Inmate Penpal conecta presos de nove penitenciárias ao mundo exterior através de vídeos. Os detentos se apresentam como se estivessem numa entrevista de emprego, detalhando o local onde estão recolhidos, o número de matrícula e o crime cometido. Com essas informações, os interessados podem enviar cartas, telefonar e até mesmo fazer visitas, dependendo das regras de cada unidade prisional.
Detentos populares na plataforma
Entre os casos mais notórios está o de Demetri Ewing, de 18 anos, preso na Instituição Correcional do Sul de Idaho por homicídio em primeiro grau. Ele aparece em um vídeo segurando o telefone, dizendo que está em busca de uma namorada. Na sua ficha consta que cumpre pena de prisão perpétua.
Outro exemplo é Clyde Ewing, também preso e pai de Demetri. Em suas gravações, Clyde não fala em culpa ou arrependimento, mas pede ajuda para escapar da prisão. O administrador da plataforma, Eric Spencer, justificou a fala de Clyde como uma metáfora.
“Na verdade, ele quer a ajuda das pessoas para sua mente sair do ambiente prisional. Em outro vídeo, ele contou que precisa conversar para se libertar, já que ficará preso para sempre. Além do mais, ele está numa prisão de segurança máxima de onde é impossível escapar”, explicou em entrevista ao jornal O Globo.
Condenado por assassinato, Jose Daniel Alvarez, de 28 anos, pediu para que as pessoas escrevam para ele como forma de diminuir sua solidão. “Tenho preferência por cartas de garotas”, disse.
Ele matou um adolescente de 15 anos e a mãe do menino foi aos comentários, indignada. “Esse assassino matou meu filho e agora quer fazer amizades. Se Deus existir, você vai apodrecer na cadeia, seu verme”, escreveu. Os detentos não têm acesso aos comentários.
A estupradora Miriah Vanlith, de 43 anos, cumpre pena por abusos e aliciamento de adolescentes. Ela usa a plataforma para pedir perdão e buscar correspondência para passar o tempo na prisão. A direção da cadeia reconheceu que não pode impedir terceiros de postar vídeos em nome dos detentos.
Idaho Inmate penpal is a must follow on instagram
Lowered the video quality myself 😁 pic.twitter.com/NDOrl4sVoj— Mega Joint Cuck (@MegaJointCuck) January 19, 2024
Sobre a plataforma
Antes de entrar em contato com os presos, os interessados podem acessar um link oferecido pelas plataformas que administram o programa, onde é possível ler um resumo do processo do criminoso, detalhando o delito cometido. Os detentos mais extrovertidos até contam o que fizeram e já se justificam no vídeo.
Diversos estados dos EUA, incluindo Califórnia, Texas, Flórida e Nova York, implementaram programas similares que permitem que presos correspondam com pessoas de fora das prisões. No Brasil, os detentos também podem trocar cartas, embora todas as correspondências sejam monitoradas para evitar o comando de novos crimes.