Após uma eleição contestada internamente e internacionalmente, a Venezuela será palco de manifestações intensas neste sábado (3), tanto contra quanto a favor do presidente Nicolás Maduro. Os líderes da oposição irão promover um ato contra o mandatário no fim da manhã. A principal motivação, segundo os organizadores, é a luta pela democracia no país. Esse evento é esperado para atrair uma grande quantidade de pessoas, todas manifestando sua insatisfação com a reeleição do líder chavista.
Pouco depois do ato da oposição, grupos apoiadores de Nicolás Maduro também tomarão as ruas de Caracas. Desde 2013 no poder, Maduro foi proclamado vencedor das eleições de 28 de julho pelo Conselho Eleitoral da Venezuela, com 51% dos votos. No entanto, a oposição contesta esses números, alegando que seu candidato, Edmundo González, obteve mais que o dobro dos votos do presidente em exercício.
A oposição venezuelana aguarda a divulgação das atas eleitorais, uma espécie de boletim de urna que poderia comprovar a alegada fraude no processo eleitoral. Na sexta-feira (2), Maduro alertou sobre “consequências inevitáveis” caso as atas sejam apresentadas ao Supremo Tribunal de Justiça (TSJ). Ele também criticou a decisão de González de não levar seus resultados de votação ao TSJ.
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O Pedido do Tribunal Supremo de Justiça
A Sala Eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), conhecida por sua linha pró-governo, solicitou as “atas de votação das mesas eleitorais em nível nacional” e a “ata de totalização definitiva“, além dos documentos de atribuição da vitória a Maduro. No comunicado, a corte justificou o pedido mencionando a necessidade de transparência.
O que desencadeou o impasse eleitoral na Venezuela?
Após as eleições de 28 de julho, o sistema do CNE foi supostamente hackeado, segundo a própria entidade, impedindo a divulgação completa dos resultados detalhados. Este evento abriu espaço para acusações de fraude eleitoral por parte da oposição.
Conforme contagem paralela realizada pela oposição, González teria vencido com 67% dos votos, enquanto Maduro teria ficado com 30%. A discrepância entre esses números e os divulgados pelo CNE acendeu o gatilho de uma série de protestos em todo o país.
Reações internacionais e a posição de Nicolás Maduro
A resposta internacional também foi significativa. Brasil, Colômbia e México emitiram uma nota conjunta na quinta-feira (1º) pedindo a divulgação de todas as atas eleitorais na Venezuela e a resolução do conflito através das “vias institucionais”.
Maduro agradeceu a posição desses países, destacando a manutenção do diálogo com líderes como Lula, Celso Amorim e Mauro Vieira. “Os presidentes Lula, Gustavo Petro [Colômbia] e Andrés Manuel López Obrador [México] trabalham para que se respeite a Venezuela”, afirmou.
Após a declaração de Maduro como vitorioso, a Venezuela mergulhou em um período de intensa agitação política e social. Manifestações eclodiram por diversas cidades, culminando em dezenas de mortes e feridos, conforme ONGs reportaram, além de mais de 1.000 prisões, de acordo com o Ministério Público venezuelano.
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