laços econômicos

Zelensky critica Lula e cita “aliança” do Brasil com a Rússia

O presidente ucraniano enfatizou que o Brasil deveria estar ao lado da Ucrânia, país invadido pelo exército russo, e cobrou de Lula um “ultimato” ao presidente Vladimir Putin

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, vai se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (20), em Nova York.
Presidente da Ucrânia participou de coletiva de imprensa – Créditos: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil e Reprodução/Redes sociais

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou em entrevista a jornalistas latino-americanos que o governo brasileiro prioriza uma “aliança” com a Rússia, país que ele classificou como “agressor”. Segundo o jornal O Globo, Zelensky fez essas declarações ao comentar as posições do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à guerra entre Ucrânia e Rússia, que já se prolonga por mais de dois anos.

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“Como se pode priorizar a aliança com um agressor?”, questionou Zelensky. O presidente ucraniano enfatizou que o Brasil deveria estar ao lado da Ucrânia, país invadido pelo exército russo, e cobrou de Lula um “ultimato” ao presidente Vladimir Putin. “A economia é importante até que chega uma guerra, e quando a guerra chega os valores mudam. Pesam mais as crianças, a família, a vida, só depois está o comércio com a Federação Russa”, afirmou Zelensky.

Há um consenso entre funcionários e diplomatas ucranianos de que o governo brasileiro mantém uma posição pró-Rússia, alinhada com a China. A Ucrânia acredita que Lula não participará da “Cúpula da Paz”, uma reunião em junho, convocada pela Suíça, para discutir a guerra.

“A última sinalização é de que Brasil e China estariam dispostos a participar se a Rússia participar. Mas a Rússia nos atacou. Por acaso o Brasil está mais próximo da Rússia do que da Ucrânia? A Rússia é hoje um país terrorista”, declarou Zelensky.

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Contexto Internacional

Fontes da área internacional do governo, ouvidas pela GloboNews, avaliam que reuniões como a convocada pela Suíça não costumam ter resultados concretos, uma vez que não envolvem a participação do lado russo nas conversas. O Brasil já participou de pelo menos cinco encontros, de forma presencial ou virtual, para discutir o tema, patrocinados politicamente pela Ucrânia.

Interlocutores de Lula entendem que o governo ucraniano, de forma legítima, tenta angariar apoios para sua causa. Contudo, a gestão brasileira defende a necessidade de conversar com todos os lados do conflito, desde países ocidentais até os mais alinhados com a Rússia.

Zelensky e Lula: Diálogo e Divergências

Ao longo de 2023, Lula tentou, sem sucesso, atuar como mediador de um diálogo entre Ucrânia e Rússia para pôr fim à guerra. Em viagens à China e aos Emirados Árabes, o presidente do Brasil afirmou que a Ucrânia também tinha responsabilidade pela guerra e que Estados Unidos e União Europeia contribuíam para a continuidade do conflito armado. Essas declarações geraram críticas internacionais, levando Lula a amenizar o discurso e a defender a integridade territorial ucraniana.

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Lula e Zelensky se encontraram em setembro de 2023, em Nova York, e em outubro, Lula conversou por telefone com Putin. Celso Amorim, chefe da assessoria especial de Lula, também esteve na Rússia e na Ucrânia para discutir os rumos do conflito armado.

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