
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado pela Polícia Federal (PF) no inquérito das joias, que apura a apropriação indevida de adornos recebidos como presentes.
Bolsonaro é acusado de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro pela venda ilegal dos objetos. As penas para esses crimes podem variar de 10 a 32 anos de prisão. Ex-ministros e aliados políticos defenderam Bolsonaro, alegando que ele está sendo “vítima de perseguição“.
“Diferença de tratamento“, diz Moro
Segundo o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), ex-juiz da Operação Lava Jato e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, há uma “diferença de tratamento” entre o ex-presidente e Lula (PT).
Em postagem no X (antigo Twitter), o ex-juiz fez referência ao caso dos contêineres e relembrou que, nesta ocasião, Lula não foi indiciado por peculato, “dada a ambiguidade da lei” vigente. “Há uma notável diferença de tratamento entre situações similares“, escreveu.
Lula não foi indiciado por peculato por se apropriar de presentes que recebeu na Presidência. Mesmo durante a Lava Jato tudo foi tratado como uma infração administrativa dada a ambiguidade da lei. Os crimes foram outros. Há uma notável diferença de tratamento entre situações…
— Sergio Moro (@SF_Moro) July 4, 2024
“Perseguição declarada e descarada”, afirmam filhos de Bolsonaro
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou no X que o indiciamento do ex-presidente é uma “perseguição declarada e descarada” contra Bolsonaro.
O parlamentar alegou que os presentes recebidos pelo ex-presidente foram devolvidos ao patrimônio da União, não havendo “dano ao erário“. Flávio também sugeriu parcialidade na atuação dos investigadores, afirmando que um grupo na PF foi “escalado a dedo” para as diligências.
O texto de Flávio foi compartilhado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL).
A perseguição a Bolsonaro é declarada e descarada!
Alguém ganha um presente, uma comissão de servidores públicos decide que ele é seu. O TCU questiona e o presente é devolvido à União. Não há dano ao erário!
Aí o grupo de PFs, escalados a dedo pra missão, indicia a pessoa.— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) July 4, 2024
Outros posicionamentos a favor do ex-presidente
O senador Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Bolsonaro e líder da Oposição no Senado, afirmou que o indiciamento é um “precedente” preocupante para o presidente Lula, que também enfrentou questões jurídicas sobre presentes recebidos entre 2003 e 2010.
No entanto, o projeto Comprova mostrou que a insinuação de Marinho é enganosa, uma vez que em 2016 o Tribunal de Contas da União (TCU) auditou os presentes recebidos por Lula e Dilma Rousseff (PT), determinando a incorporação de 568 peças de Lula e 144 de Dilma ao patrimônio da União.
Essa determinação foi cumprida, com apenas oito itens de Lula não localizados. Os presentes de Lula, avaliados em R$ 11.748,40, foram restituídos à União em 10 parcelas, segundo o TCU.
Estou preocupado, com esse precedente, Lula que não proporcionou a vacina contra dengue apesar do maior número de doentes e mortos de nossa história e levou 11 conteineres de presentes para casa incluindo joias. Obras de arte e relógios caros também será indiciado ?? pic.twitter.com/JzDey0V37G
— Rogério Marinho🇧🇷 (@rogeriosmarinho) July 4, 2024
O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) também se manifestou a favor do ex-presidente em suas redes. Ele republicou o texto de Flávio Bolsonaro e afirmou que o indiciamento da PF é “pura perseguição”. “Fazem de tudo, mas todo o Brasil sabe que Jair Bolsonaro não é corrupto”, escreveu Cavalcante.
MAIS UM CAPÍTULO DA PERSEGUIÇÃO A @jairbolsonaro
Alguém ganha um presente, uma comissão de servidores públicos decide que ele é seu.
O TCU questiona e o presente é devolvido à União. Não há dano ao erário!
Aí vem a PF, escolhido a dedo pra missão, indicia a um ex presidente.
— Sóstenes Cavalcante (@DepSostenes) July 4, 2024
Segundo o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), a PF, a mando do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, trabalha para perseguir opositores políticos. Ele comparou a instituição à Gestapo, a polícia secreta do regime nazista.
Siga a gente no Google NotíciasSignifica que a PF virou oficialmente uma Gestapo a serviço do Moraes e estão desesperados para desgastar o líder político que leva milhões pras ruas. https://t.co/FQQAEZMivF
— Gustavo Gayer (@GayerGus) July 5, 2024