ENTENDA

Caso Marielle: Richard Nunes desvincula crime de ódio e aponta grilagem como motivação

Naquele período, ele ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública durante a intervenção federal no Rio de Janeiro

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Protestos por Marielle Franco – Créditos: depositphotos.com / jptinoco

O depoimento do general Richard Fernandez Nunes ao Supremo Tribunal Federal (STF) forneceu novos desdobramentos para as investigações em curso sobre o assassinato de Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018. Naquele período, Richard ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública durante a intervenção federal no Rio de Janeiro.

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Durante seu testemunho, o general afirmou que Ronnie Lessa, o assassino confesso, já era considerado um dos principais suspeitos desde o começo das investigações. Richard destacou que a exploração irregular de terras na região de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, foi a linha inicial de investigação, em contraste com a tese de crime de ódio, que foi amplamente divulgada posteriormente.

Crime de ódio só foi aventado comigo nos primeiros dias“, afirmou Richard, mencionando que essa possibilidade logo foi descartada. A percepção dominante baseou-se na atuação de Marielle Franco na região, o que poderia ter originado animosidades locais.

Acusações sobre autoridades envolvidas no caso Marielle

O general também mencionou questões relativas ao ex-chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa. Richard confirmou que, na época, existiam informações indicando que Rivaldo poderia estar utilizando sua posição para obter vantagens financeiras. No entanto, essas suspeitas não foram vistas como suficientemente determinantes para impedir sua nomeação.

Durante o depoimento, o promotor Olavo Evangelista Pezzotti, da Procuradoria-Geral da República, buscou explorar essa linha de questionamento, especialmente em relação à continuidade das investigações lideradas por Rivaldo.

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Revelações sobre informantes

Um aspecto particularmente intrigante foi o envolvimento do policial militar Rodrigo Ferreira, conhecido como Ferreirinha, no caso. Ferreirinha revelou uma alegada conspiração para o assassinato de Marielle, envolvendo o miliciano Orlando da Curicica e o ex-vereador Marcello Siciliano. Contudo, a Polícia Federal demonstrou que essa informação era falsa, levando à condenação de Ferreirinha por prejudicar a investigação.

Richard destacou a recomendação de cautela por parte de Rivaldo e Giniton Lages em lidar com Ferreirinha, devido à forma como ele se inseriu nas investigações e ao impacto potencialmente negativo de suas alegações.

As revelações do general Richard complicam ainda mais o cenário já complexo do caso Marielle Franco. Enquanto a defesa de Rivaldo insiste que nunca houve envolvimento formal dele nas investigações, a Polícia Federal sustenta a acusação sobre seu papel no planejamento do crime. O depoimento de Richard foi uma iniciativa dos advogados de Rivaldo, que viram nele uma oportunidade de fortalecer sua defesa no processo.

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Além disso, o envolvimento de figuras políticas, como os irmãos Brazão, também réus, mantém o caso em destaque, com implicações potencialmente significativas para a política e segurança pública do Rio de Janeiro.

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