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Câncer de vulva: casos triplicam em uma década

Em 2013, foram registrados 405 ocorrências da doença, enquanto em 2023, esse número saltou para 1.436, o maior volume da série histórica do painel

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Imagem ilustrativa – Créditos: depositphotos.com / [email protected]

Nos últimos dez anos, o Brasil registrou um aumento significativo nos casos de câncer de vulva, de acordo com o Painel Oncologia do DataSUS. Esse crescimento não apenas elevou o número total de diagnósticos, como também destacou um aumento entre mulheres mais jovens.

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Em 2013, foram registrados 405 casos, enquanto em 2023, esse número saltou para 1.436, o maior volume da série histórica do painel. Essa tendência tem alarmado especialistas e levantado questões sobre as causas e formas de prevenção.

O HPV (papilomavírus humano) tem sido associado ao aumento dos diagnósticos em mulheres jovens. Glauco Baiocchi Neto, diretor do Departamento de Ginecologia Oncológica do A.C.Camargo Cancer Center, confirma à Folha de São Paulo essa tendência e relaciona cerca de 40% dos casos ao HPV.

Como o câncer de vulva afeta mulheres jovens?

O caso de Bárbara, uma paranaense de 37 anos, ilustra a realidade enfrentada por muitas mulheres. Após meses de busca por um diagnóstico correto, ela descobriu que estava com carcinoma vulvar, um tipo de câncer raro e muitas vezes desconhecido.

Além do HPV, Baiocchi aponta outras causas para o câncer de vulva, como a atrofia da vulva, que pode ocorrer devido à redução nos níveis de estrogênio no pós-menopausa, e doenças crônicas como o líquen escleroso. A idade média das mulheres diagnosticadas com esse câncer em 2023 foi de 62 anos, segundo dados do DataSUS.

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Os tratamentos para o câncer de vulva variam, e muitas vezes são agressivos. Bárbara inicialmente recebeu a recomendação de uma vulvectomia radical, que remove toda a vulva, mas optou por uma vulvectomia parcial seguida de quimioterapia e radioterapia. Embora o tratamento tenha sido bem-sucedido, ela ainda lida com o impacto psicológico da doença.

Luciana Holtz, psico-oncologista e presidente do Instituto Oncoguia, destaca à Folha de São Paulo que a cirurgia na vulva pode afetar significativamente a autoestima feminina, devido à ligação direta com a sexualidade. Além disso, muitas mulheres sentem vergonha e demoram a procurar ajuda médica, o que pode atrasar o diagnóstico e tratamento.

Prevenção e vacinação

Luisa Villa, pesquisadora da FMUSP e do Icesp, enfatiza à Folha de São Paulo que a vacinação contra o HPV é uma forma eficaz e segura de prevenir diversos tipos de câncer causados pelo vírus, incluindo o de vulva. A vacina está disponível no SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos, além de outros grupos específicos.

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Apesar da disponibilidade da vacina, a cobertura vacinal ainda está aquém da meta do Ministério da Saúde para 2030, que é de 90% entre meninas de até 15 anos. Em 2022, a cobertura foi de apenas 75,8%. Villa acredita que a divulgação científica em diferentes meios e linguagens é crucial para aumentar a conscientização e adesão à vacinação.

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