Um avanço no tratamento e prevenção do HIV foi alcançado com a descoberta das propriedades preventivas do lenacapavir. Este medicamento, atualmente usado no tratamento do HIV, mostrou-se altamente eficaz na redução do risco de infecção. Em 12 de outubro de 2024, dados de um ensaio clínico de Fase 3 realizados pela farmacêutica Gilead Sciences revelaram que 99,9% dos participantes que receberam injeções de lenacapavir duas vezes ao ano não contraíram o HIV. O dado difere da principal opção atual de profilaxia pré-exposição, a PrEP, conhecida por ser menos eficiente.
De acordo com Onyema Ogbuagu, diretor do Programa de Pesquisa em Antivirais e Vacinas da Universidade de Yale e investigador principal do ensaio, em entrevista à CNN, “a dificuldade que algumas pessoas podem ter ao tomar um comprimido oral todos os dias, incluindo desafios com adesão e estigma, dificultaram a aceitação e a continuidade do padrão de tratamento por muito tempo, diminuindo o impacto da PrEP na prevenção do HIV”.
“A eficácia incrível demonstrada no ensaio PURPOSE 2, os potenciais benefícios de uma injeção semestral e a diversidade de locais e participantes do ensaio mostram o impacto que o lenacapavir para PrEP pode ter para pessoas ao redor do mundo que precisam de novas opções para reduzir suas chances de contrair o HIV”, continuou. “Esta descoberta acrescenta significativamente ao nosso arsenal de ferramentas para nos aproximar de uma geração livre de AIDS.”
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Detalhes do estudo para prevenção do HIV
O ensaio clínico PURPOSE 2 envolveu a participação de homens cisgêneros, homens transgêneros, mulheres transgêneras e pessoas não binárias, todos com 16 anos ou mais, que mantêm relações sexuais com parceiros identificados como do sexo masculino ao nascer. O estudo foi conduzido em 88 locais espalhados por Argentina, Brasil, México, Peru, África do Sul, Tailândia e Estados Unidos.
Em outro estudo, foi revelado que o uso do lenacapavir injetável, um medicamento de ação prolongada utilizado como profilaxia pré-exposição, pode oferecer proteção total contra a infecção pelo HIV em mulheres. Os dados mostraram uma eficácia de 100% entre mulheres jovens e adolescentes na África, segundo resultados divulgados em julho.
Esse achado representa um “avanço significativo na prevenção do HIV”, de acordo com um comunicado à imprensa emitido pela Organização Mundial da Saúde em julho. A empresa farmacêutica Gilead informou que pretende usar os resultados desses estudos para solicitar a aprovação do medicamento em diversos países até o final do ano. O foco inicial será em regiões com alta taxa de infecção e recursos limitados.
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