Mudanças significativas na vida, como a transição para uma nova cidade ou a perda de um ente querido, podem desencadear sentimentos temporários de solidão. No entanto, para alguns, esse sentimento pode se tornar uma condição persistente e prejudicial à saúde. A solidão crônica não é apenas um estado momentâneo; transforma-se em uma característica permanente que influencia comportamentos e emoções.
Apesar de ser uma condição geralmente associada ao isolamento social, a solidão crônica provoca efeitos mais profundos, podendo inclusive alterar funções cerebrais. Conforme um estudo divulgado pelo U.S. Department of Health and Human Services em 2023, a solidão pode ser tão prejudicial à saúde quanto fumar 15 cigarros por dia, elevando o risco de morte prematura em até 26%. Além disso, dados da The Cigna Group, uma especialista em seguros de saúde, revelam que mais da metade dos adultos, aproximadamente 58%, relatam sentir-se solitários.
O que é solidão crônica?
A solidão é um sentimento familiar para todos, mas quando se estende por longos períodos, pode se tornar nociva. Ellen Lee, especialista em psiquiatria da Universidade da Califórnia, destaca ao jornal O Globo que a solidão crônica pode moldar o comportamento e a percepção emocional dos indivíduos, tornando-se uma característica marcante de sua personalidade.
Como se sentir sozinho impacta o funcionamento do cérebro?
Estudos indicam que a solidão não apenas altera nosso estado emocional, mas também provoca mudanças cerebrais significativas. Essas alterações estão associadas a áreas do cérebro responsáveis pela cognição social e pelo processamento de emoções, o que sugere que a solidão pode ter um efeito devastador na saúde mental ao longo do tempo.
Segundo a pesquisadora Anna Finley, do Instituto sobre Envelhecimento da Universidade de Wisconsin-Madison, em entrevista ao jornal O Globo, o isolamento pode desencadear uma resposta ao estresse contínuo e desvantajosa, similar aos mecanismos observados em transtornos de ansiedade, onde a resposta ao medo se torna excessiva e prejudicial.
Qual a relação entre solidão e doenças neurodegenerativas?
A pesquisa tem demonstrado uma forte conexão entre a solidão e doenças como Alzheimer e Parkinson. Nancy Donovan, do Brigham and Women’s Hospital, em entrevista ao jornal O Globo, aponta que mesmo baixos níveis de isolamento podem aumentar o risco dessas condições, e que esse risco se amplia com o aumento da intensidade da solidão.
O estresse e a inflamação resultantes do isolamento prolongado são fatores significativos que contribuem para o declínio cognitivo e a deterioração cerebral. Tais condições acabam por fomentar a progressão de doenças neurodegenerativas entre os idosos.
Como combater esse sentimento?
Confrontar a solidão crônica pode ser desafiador, mas há estratégias eficazes que podem ajudar. Participar de atividades sociais organizadas, como grupos de apoio ou aulas de arte, é uma forma comum de tentar reduzir o isolamento. No entanto, a terapia cognitivo-comportamental, que explora e modifica os padrões de pensamento relacionados à interação social, pode ser mais eficaz ao lidar com a raiz do problema.
A solidão crônica é uma condição complexa que exige uma abordagem multifacetada para ser superada. A chave está em buscar conexões significativas e enfrentar os medos e inseguranças que impedem interações sociais saudáveis.
Siga a gente no Google NotíciasVocê sabia que combater a solidão é mais do que uma necessidade individual?
Um estudo recente do IDOR revela que a solidão emergiu como uma preocupação global, especialmente após os impactos do isolamento social durante a pandemia de covid-19. A pesquisa destaca que a solidão… pic.twitter.com/IyCEZO98Hr
— IDOR (@Institutodor) January 26, 2024