CASO FERNANDO SASTRE

“Do nada, aconteceu um acidente horrível”, diz motorista do Porsche em filmagem da polícia

O inquérito do caso foi concluído e, pela terceira vez, foi solicitada a prisão do condutor

A Polícia Civil concluiu o inquérito do caso e solicitou pela terceira vez a prisão do motorista do Porsche.
Câmeras corporais mostram momento da liberação de Fernando – Créditos: William Santos/TV Globo

Os vídeos das câmeras corporais dos policiais militares que responderam à ocorrência do acidente envolvendo um Porsche, que resultou em uma vítima fatal e um ferido em 31 de março em São Paulo, foram revelados.  Nas imagens, é possível observar o motorista do veículo sendo liberado pelos agentes da Polícia Militar (PM) da cena do crime sem realizar o teste do bafômetro.

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As gravações das body cams dos policiais do Batalhão de Trânsito da PM mostram a interação com o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, condutor do veículo, sua mãe e testemunhas do acidente, ocorrido na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé. Tanto os áudios quanto as imagens já foram submetidos à Justiça.

Nesta quinta-feira (25), a Polícia Civil concluiu o inquérito do caso e solicitou pela terceira vez a prisão do motorista do Porsche. Ele foi indiciado por homicídio, lesão corporal e fuga do local do acidente. A mãe dele, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, também foi indiciada por fuga do local do acidente, como cúmplice.

Nos vídeos acessados pelo g1, inicialmente, os policiais militares impediram a fuga de Fernando e sua mãe do local do acidente ao perceberem que estavam prestes a sair. Os agentes abordaram a dupla e obtiveram os dados do empresário. No entanto, após serem convencidos pela mulher de que ela levaria o filho sozinha ao hospital, permitiram que o condutor fosse liberado.

Daniela argumentou que seu filho estava ferido, com o nariz sangrando. Ela havia comparecido ao local para verificar o estado do empresário após a colisão do Porsche, que atingiu um Sandero a mais de 100 km/h, em uma via com limite de velocidade de 50 km/h.

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“Pode ir lá”, diz um dos policiais no áudio, autorizando Fernando a acompanhar a mãe até o hospital. O PM pergunta para onde eles estariam indo. “A senhora vai levar ele para qual hospital?“, disse. “São Luiz. Para o São Luiz“, respondeu Daniela.

Os mesmos policiais militares que permitiram a saída de Fernando chegaram a impedir sua fuga em um momento anterior. Isso ocorreu quando observaram o empresário e sua mãe se preparando para deixar o local do acidente. Os agentes os abordaram e chamaram a atenção. “Ô, ô, ô. O senhor era o condutor do carro?”, perguntou um dos policiais.

A mãe de Fernando havia sugerido que não era necessário permanecer no local. “Já passou tudo pra ele, tá tudo com ele já”, afirmou Daniela, referindo-se a um dos policiais militares que supostamente já havia recebido as informações do filho.

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Apesar disso, mãe e filho foram posteriormente entrevistados pelos agentes, que questionaram o que aconteceu. Conta pra mim o que aconteceu, Fernando?“, pergunta o policial. “Eu estava com o Marcus, a gente estava voltando para casa e aí aconteceu um acidente horrível, foi isso”, respondeu o motorista do Porsche.

A agente que pegou o depoimento pediu somente que Fernando lesse o documento com suas informações num aparelho eletrônico e o homem foi liberado logo depois. Veja vídeo:

No entanto, a mãe não levou o filho para receber atendimento médico. Assim, o motorista do Porsche deixou o local sem realizar o exame que poderia confirmar se ele havia consumido álcool momentos antes da colisão, que foi capturada por câmeras de segurança.

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O futuro das investigações sobre acidente com Porsche

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), essa foi a falha no atendimento dos PMs na ocorrência: não terem realizado o teste do bafômetro no condutor do Porsche. A Polícia Militar analisou as imagens e os diálogos capturados pelas câmeras dos agentes, confirmando que eles cometeram um erro ao liberarem Fernando sem verificar se ele havia ingerido bebida alcoólica.

A Corregedoria da PM está investigando a conduta dos dois agentes por descumprirem o protocolo de atendimento em casos de acidentes com vítimas. A Polícia Civil está investigando as causas e eventuais responsabilidades pela morte do motorista de aplicativo e pelos graves ferimentos no amigo do condutor do Porsche.

 *Sob supervisão de Lilian Coelho

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