em condomínio de luxo

Polícia Civil do RJ prende 2 suspeitos em SP de negociar armas furtadas do Exército

Segundo as investigações, a dupla teria oferecido o armamento ao Comando Vermelho, a maior facção criminosa do tráfico do estado

Polícia Civil do RJ prende 2 suspeitos em SP de negociar armas furtadas do Exército
8 metralhadoras foram encontradas pela Polícia Civil do RJ (à esquerda); e 9 armas achadas pela polícia de Carapicuíba (São Paulo) – Créditos: Reprodução/Leslie Leitão/TV Globo e Polícia Civil/Divulgação

Na noite de quinta-feira (11), a Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu dois suspeitos em São Paulo, acusados de negociar as 21 armas furtadas em setembro do ano passado do Arsenal de Guerra do Exército em Barueri (SP). Jesser Marques Fidelix, conhecido como Jessé, e Márcio André Geber Boaventura Júnior foram detidos em um condomínio de luxo em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).

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Segundo as investigações, a dupla teria oferecido o armamento ao Comando Vermelho, a maior facção criminosa do tráfico do estado. Uma denúncia anônima levou os agentes a localizá-los. No dia seguinte (12), agentes da DRE cumpriram nove mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em São Paulo, relacionados às prisões anteriores.

A partir de um vídeo que foi circulado na internet, nós começamos a investigar e conseguimos identificar, através das declarações de um colaborador, que Jessé e Márcio estariam negociando para empregar essas armas de fogo na guerra da Zona Oeste, entre o Comando Vermelho e a milícia, ali na região da Gardênia e Cidade de Deus”, afirmou o delegado Pedro Cassundé. O delegado ainda disse que os alvos são “pessoas interpostas que gravitam em torno de Jessé e Márcio”.

Em novembro do ano anterior, duas metralhadoras ponto 50, parte do arsenal furtado, foram encontradas no carro de Jessé, na Praia da Reserva. Além disso, outras 17 armas haviam sido reintegradas após operações conjuntas do Exército com as polícias do Rio de Janeiro e São Paulo em outubro.

Inquérito do Exército indicou participação de oito pessoas

Em fevereiro, o Exército concluiu a investigação sobre o furto das 21 armas do Arsenal de Guerra do Exército em Barueri e indicou a participação de pelo menos oito pessoas no desvio de metralhadoras e fuzis. Quatro militares e quatro civis foram acusados e se tornaram réus, incluindo o tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista, então diretor da unidade, um primeiro-tenente e dois cabos.

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O crime ocorreu em 7 de setembro de 2023, feriado da Independência, mas só foi divulgado em 10 de outubro. O inquérito militar revelou que dois cabos arrombaram o depósito e levaram as armas, com a ajuda de um cabo que estacionou a caminhonete do diretor próximo ao local. As armas foram escondidas na caçamba e o veículo deixou o local sem inspeção, devido à orientação do primeiro-tenente para não revistar a viatura do diretor.

A denúncia aceita pela Justiça Militar categoriza os militares de acordo com sua participação direta ou indireta no furto, incluindo ações de inação ou negligência.

Vagner da Silva Tandu e Felipe Ferreira Barbosa, ambos cabos do Exército Brasileiro e atualmente detidos, são réus por peculato e furto, em conluio um com o outro. Já o tenente-coronel Rivelino Barata, e o primeiro-tenente Cristiano Ferreira enfrentam acusações por não cumprirem a lei, regulamento ou instrução militar, devido à negligência ou tolerância, e também por peculato culposo.

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Embora não tenha participação direta no furto, o então comandante do quartel é responsável por sua negligência ao não impedir o crime. Rivelino Barata foi destituído do cargo de diretor do Arsenal de Guerra após a confirmação do desvio das armas, mas permanece no Exército, estando atualmente na Diretoria de Fabricação.

O Comando Militar do Sudeste apenas confirmou que o Inquérito Policial Militar foi concluído e encaminhado à Justiça Militar da União, que manteve o sigilo sobre o caso. O paradeiro do primeiro-tenente não foi divulgado pelo CMSE.

Além dos militares, quatro civis foram acusados de receptação, alguns ligados à facção criminosa Comando Vermelho. Um deles, também parente de um dos militares envolvidos, teria participado do planejamento do furto e da intermediação com membros da facção para a venda das armas.

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Outro indivíduo mencionado no inquérito morreu em um confronto armado com as forças de segurança em uma operação separada da investigação sobre o furto das armas. O inquérito foi concluído pelo Exército, enquanto a Justiça Militar solicitou novas investigações em relação aos civis acusados de receptação, após aceitar a denúncia do Ministério Público Militar.

* Matéria publicada com supervisão de Ricardo Parra.

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