escravidão

Trabalhadores de pedreira no RS recebiam pedras de crack como pagamento; saiba mais

“Os trabalhadores estavam em condições desumanas e degradantes, desatendendo as questões sanitária, tributária, fiscal, criminal, ambiental”, afirmou o delegado responsável pelo caso, Valeriano Garcia Neto; seis foram presos

Uma operação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul descobriu, nesta terça-feira (16), uma pedreira clandestina na cidade de Taquara, onde trabalhadores recebiam pedras de crack como pagamento.
Caso ocorreu na cidade de Taquara, na Grande Porto Alegre – Créditos: RBS TV/Reprodução

Uma operação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul descobriu, nesta terça-feira (16), uma pedreira clandestina na cidade de Taquara, onde trabalhadores recebiam pedras de crack como pagamento. Os agentes resgataram três pessoas que atuavam sob regime de trabalho análogo à escravidão.

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A ação também prendeu seis pessoas. “Os trabalhadores estavam em condições desumanas e degradantes, desatendendo as questões sanitária, tributária, fiscal, criminal, ambiental”, afirmou o delegado responsável pelo caso, Valeriano Garcia Neto, ao g1. Os funcionários foram encontrados em alojamentos improvisados, durante uma operação na área rural da cidade, localizada na Grande Porto Alegre.

"Os trabalhadores estavam em condições desumanas e degradantes, desatendendo as questões sanitária, tributária, fiscal, criminal, ambiental", afirmou o delegado responsável pelo caso,  Valeriano Garcia Neto
Trabalhadores viviam em alojamentos improvisados – Créditos: RBS TV/Reprodução

Garcia Neto deduz que a atividade da pedreira estava ligada ao tráfico de drogas. “A investigação aponta para tráfico de drogas e trabalho análogo ao de escravidão que tinha contrapartida mediante entrega de pedras de crack para usuários que permanecem aqui”, afirmou.

Dos seis presos, um foi apontado como o recrutador dos funcionários. Ao pronunciar-se para a RBS TV, ele negou qualquer tipo de exploração daquelas pessoas, justificando que pagava R$ 100 por dia para cada uma. Entretanto, ao ser questionado se os trabalhadores tinham carteira assinada, ele ficou em silèncio.

Trabalhadores em condições análogas à escravidão batem recorde

A chamada “lista suja”, feita pelo Governo Federal, que inclui empresas e patrões que empregam pessoas em condições análogas à escravidão foi atualizada, no último dia 5, com 248 novos nomes, levando o total a 654 itens, o maior número até então.

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O documento também detalha as atividades com a maior ocorrência. O serviço doméstico lidera a lista, com 43 nomes ligados ao ramo. Em seguida, o cultivo de café, com 27, e, logo abaixo, a criação de bovinos abrange 22 empresas.

Os nomes são incluídos a partir de atestados emitidos por auditores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Ao identificarem irregularidades trabalhistas, os oficiais expedem autos de infração, que geram processos administrativos contra os empregadores.

Na nova atualização, há a inclusão do nome de André Luiz Mattos Maia Neumann, que, junto com a mãe Yonne Mattos Maia, tornou-se réu no último mês de março após ser acusado de manter uma empregada doméstica em condições precárias por 72 anos. Maria de Moura foi resgatada em março de 2022, com 85 anos.  A promotora do caso, Juliane Mombelli, do Ministério Público do Trabalho, afirmou que é o caso mais longevo já registrado no Brasil. “Infelizmente, é uma vida toda nesta condição”, disse ao Fantástico.

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Consulte a lista completa aqui.

Sistema Ipê

Denúncias sobre suspeitas de trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão podem ser feitas sigilosamente no Sistema Ipê.

A ferramenta foi lançada em 2020, em parceria da Secretaria de Inspeção do Trabalho com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

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