Desde o início da gestão de Javier Milei na Argentina, o país vive um afastamento em relação a China. “Não só não vou fazer negócios com a China, como não vou fazer negócios com nenhum comunista” foi uma das frases do presidente argentino que ecoou durante a campanha eleitoral. No entanto, Milei parece tentar contornar essa postura, o que inclui uma visita da ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, à China entre os dias 28 e 30 de abril, na tentativa de reaquecer a relação bilateral. Só que, em meio a esse cenário, foi divulgado que a China deixou de ser a segunda maior parceira comercial da Argentina.
“Somos liberais. E se as pessoas quiserem continuar a fazer negócios com a China, podem continuar fazendo os mesmos negócios de sempre. O que eu disse é que não vou estar alinhado com os comunistas, e por acaso estou alinhado com os comunistas?”, declarou Milei após assumir a presidência, amenizando seu discurso.
À medida que se aproxima a viagem, autoridades chinesas expressaram o desejo de melhorar as relações bilaterais. Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, destacou que os países são “parceiros estratégicos abrangentes”.
Entretanto, um acontecimento recente tem gerado repercussão nos âmbitos empresarial e geopolítico: em março, a China perdeu sua posição como segundo maior parceira comercial da nação argentina. De acordo com o mais recente relatório de intercâmbio comercial argentino do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), divulgado na última semana, esse posto agora é ocupado pela União Europeia. A China caiu para o terceiro lugar.
O que explica essa mudança
Em suma, a mudança ocorreu por uma queda tanto nas exportações quanto nas importações. As vendas para a China diminuíram 24,2% em relação ao ano anterior, enquanto as compras caíram 34,9% no mesmo período. Esses números refletem uma tendência contínua desde que Milei assumiu a presidência.
O comércio bilateral sofre uma série de reduções. Embora as exportações tenham registrado um aumento de 10,7% em janeiro de 2024, as demais operações apresentaram resultados negativos.
À CNN, o economista e especialista em comércio exterior Miguel Ponce afirma que o governo chinês tem direcionado suas novas compras para o Brasil. “Tudo isso acontece porque o governo não compreendeu a necessidade de ‘desideologizar’ os nossos laços diplomáticos, para não prejudicar as nossas relações comerciais e econômicas”, afirmou.
Além disso, o economista sugere que as novas alianças de Milei com Israel e os Estados Unidos estão ligadas a essa mudança da Argentina como parceira comercial da China. “É uma tendência que vai se aprofundar, sem dúvida”, concluiu Ponce.
China deixa de ser o segundo parceiro comercial da Argentina. Esse lugar hoje pertence à União Europeia, enquanto a China é o terceiro.
Desde que Milei assumiu a presidência, o comércio entre os países diminuiu, diversificandoos parceiros comerciaishttps://t.co/KsnpOJjwVh— Instituto Monitor da Democracia (@imdemocracia) April 27, 2024
* Sob supervisão de Lilian Coelho