discurso agressivo

Putin diz que Rússia está preparada para uma nova guerra

A diferença entre o momento atual e os dois conflitos armados de proporções globais é a presença de mais de 12 mil ogivas nucleares no mundo

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Desfile do Dia da Vitória na Praça Vermelha, 9 de maio de 2024, em Moscou – Crédito: Getty Images

“A Rússia fará tudo para evitar um conflito global, mas, ao mesmo tempo, não permitiremos que ninguém nos ameace. Nossas forças estratégicas estão sempre em estado de prontidão de combate”, afirmou Vladimir Putin, na celebração do aniversário de 79 anos da vitória sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. O presidente russo disse que o país está preparado para uma nova guerra mundial.

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Putin se refere às 1,6 mil ogivas nucleares russas, que estão prontas para serem lançadas a qualquer momento. Vale ressaltar que a Rússia se retirou do Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Novo Start), o último acordo de controle de armas capazes de causar destruição global.

“Hoje vemos como eles [os ocidentais] tentam distorcer a verdade sobre a Grande Guerra Patriótica [nome russo para o conflito encerrado em 1945]. Revanchismo, abuso da história e uma tentativa de justificar os atuais seguidores do nazismo são parte de uma política geral das elites ocidentais para provocar novos conflitos regionais”, disse o líder russo.

Essas declarações do presidente russo foram feitas durante o desfile do Dia da Vitória na Praça Vermelha. A União Soviética (URSS), que se dissolveu em 1991 e teve a Rússia como seu principal componente, desempenhou um papel muito relevante na derrota dos nazistas em 1945. De um total de 70 milhões mortos, cerca de 27 milhões eram da URSS.

Putin adota discurso mais agressivo mencionando nova guerra

Em suma, esse discurso marca um retorno à postura mais agressiva de Putin. Isso representa um contraste com sua fala moderada durante sua quinta posse como presidente, ocorrida na terça-feira (7). Na ocasião, ele chegou a declarar que estava aberto ao diálogo com o Ocidente, desde que fosse em termos de igualdade.

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O conflito na Ucrânia levanta a possibilidade de uma nova guerra de proporções mundiais. No entanto, a diferença entre o momento atual e guerras mundiais passadas é a presença de mais de 12 mil ogivas nucleares no mundo. Além disso, 90% delas estão sob controle da Rússia e dos Estados Unidos. Já o restante está dividido entre aliados dessas potências, além de países neutros como Índia e Paquistão.

Nesse contexto, na segunda-feira (6), Putin havia autorizado a realização de exercícios com armas nucleares táticas. Elas são projetadas para serem utilizadas em situações militares específicas. Ao que parece, isso foi uma resposta à sugestão da França de enviar tropas para auxiliar Kiev. Até o momento, R$ 1,2 trilhão foram gastos pelo Ocidente em assistência militar, mas as potências evitam um envolvimento direto.

Além disso, o Kremlin também fez uma ameaça de atacar alvos militares do Reino Unido caso os mísseis fornecidos à Ucrânia sejam usados contra a Rússia. Assim, nesta quinta-feira (9), a Ucrânia lançou ataques com drones fabricados localmente contra as regiões russas de Krasnodar, Briansk e Belgorodo. Como resultado, oito pessoas saíram feridas. Nesse cenário, ainda que analistas entendam que a postura nuclear russa tenha o objetivo de dissuasão, há uma preocupação de que o país perca o controle da situação.

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*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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