A cebola sempre fez os brasileiros chorarem; aliás, toda e qualquer pessoa. Derrubamos copiosas lágrimas ao manusear o alimento, principalmente quando cortamos a cebola bem picadinha ou em fatias.
A este choro, que acontece em razão das substâncias liberadas quando cortamos cebolas (os compostos sulfurosos), podemos acrescentar que muitas famílias “choraram” quando iam às feiras e/ou supermercados para comprar o legume bulboso.
A alta no produto, no período compreendido entre 2020 e 2022, foi de estratosféricos 1.748%. Outros alimentos do dia a dia do brasileiro também acumularam altas expressivas: mamão subiu 1.176%; tomate, 987%; batata-inglesa, 963%; sal, 883%; óleo de soja, 634%; dentre outros tantos.
Esta subida no preço dos alimentos em geral, entre 2020 até 2022, foi de 447%, valor bem superior ao IPCA acumulado de 271% no mesmo período. Os dados são da economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif. Mas, o que aconteceu com a “campeã” cebola para ocupar o pódio entre os alimentos que mais subiram de preço nestes anos?
Por que a cebola subiu tanto?
O professor da FIA Business School, Carlos Honorato, elenca algumas razões para esta alta expressiva. “Tivemos vários produtos básicos que subiram muito, em especial a cebola. Isto foi muito impactado por algumas razões primordiais”, disse.
Honorato cita a Guerra da Ucrânia com um dos fatores para esta alta generalizada dos alimentos que “fez com que os preços dos insumos subissem demais”.
Ele enfatiza que, no caso da cebola, houve uma queda de quase 18% da área de cultivo, “o que faz com que a diminuição da oferta impactasse diretamente o preço”, afirmou.
Para ele, este fator caracteriza uma necessidade muito forte de incentivos à produção da agricultura familiar ou ainda a agricultura de bens básicos de consumo. “Porque senão o agricultor, ou o produtor, olha para o mercado, vê que está caindo o preço, aí ele muda de cultura, deixa de produzir e vai para outra cultura”.
Segundo ele, ocorrem, então, tais oscilações de oferta e da falta do produto que atingem diretamente o preço e o índice de inflação.
O verso “lágrimas nos olhos de cortar cebola…” da música “Você não está entendendo nada”, de Caetano Veloso, nunca foi tão verdadeiro para os brasileiros nestes últimos três anos.
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