A comunidade meteorológica global está em alerta com a possível substituição do atual El Niño pelo fenômeno climático La Niña, prevista para a primavera deste ano. A preocupação maior, entretanto, é a hipótese de um La Niña em dobro, o que poderia causar impactos expressivos nas condições climáticas de várias regiões do mundo, incluindo o Brasil.
O La Niña é um fenômeno conhecido pelo resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Esse resfriamento altera os padrões climáticos, resultando em chuvas intensas no Norte e Nordeste do Brasil e secas no Centro-Oeste e Sul.
Por outro lado, o El Niño causa um aquecimento anormal das águas do Pacífico e vem sendo associado a eventos climáticos extremos, como as chuvas torrenciais que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024. Ambos os fenômenos são ciclos que ocorrem a cada dois a sete anos e perturbam a distribuição de umidade e calor em todo o planeta.
Qual é o impacto possível de La Niña em dobro nos oceanos Atlântico e Pacífico?
O que é incomum e preocupante no cenário atual é a possível ocorrência de um La Niña simultaneamente nos oceanos Atlântico e Pacífico. Segundo a NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos), as observações desde maio revelam uma queda nas temperaturas da superfície do Atlântico, o que caracteriza o La Niña.
No Pacífico, apesar de as mudanças esperadas terem sido inicialmente previstas para agosto, a nova expectativa é que o fenômeno ocorra entre setembro e novembro, durante a primavera e verão no Hemisfério Sul.
Esta simultaneidade de La Niña em dois oceanos pode ter efeitos inéditos e o NOAA já estima uma probabilidade de 72% de mudanças climáticas até o fim do ano, embora de fraca intensidade.
Como um La Niña em dobro pode impactar o Brasil?
A influência do La Niña é particularmente sentida no setor agrícola. A baixa temperatura no Oceano Pacífico tende a causar secas em algumas partes da América do Sul e chuvas intensas em outras regiões, como a Ásia. No Brasil, o evento climático pode trazer consequências para diversas culturas.
Se por um lado, as regiões Norte e Nordeste podem se beneficiar com o aumento das chuvas, favorecendo a agricultura, por outro, o Centro-Oeste e Sul podem enfrentar desafios sérios devido à estiagem. Em ocorrências passadas, a seca afetou a produtividade de culturas como café e cana-de-açúcar, além de aumentar o risco de queimadas.
Entre 2021 e 2022, o La Niña contribuiu para uma diminuição de 19% na safra de café no Sudeste, segundo a Hedgepoint Global Markets. Portanto, a possibilidade de um La Niña em dobro reacende o alerta para potenciais perdas na agricultura.
Quais são as expectativas para o La Niña em dobro?
Mesmo com a previsão de intensidade fraca, os impactos do La Niña em dobro não devem ser subestimados. As chuvas mais equilibradas poderiam ajudar algumas regiões a obter melhores resultados nas colheitas, como no caso da soja no Rio Grande do Sul. Porém, a estiagem pode prejudicar outras culturas e aumentar a ocorrência de queimadas.
Será crucial monitorar continuamente essas alterações climáticas para mitigar seus efeitos adversos. A preparação e adaptação das práticas agrícolas podem reduzir as perdas e ajudar a enfrentar os desafios que essas mudanças climáticas trazem.
Como se preparar para o La Niña em dobro?
Para se preparar para o possível La Niña em dobro, aqui estão algumas dicas práticas:
- Monitoramento Frequente: Acompanhe as previsões meteorológicas e as recomendações dos órgãos de meteorologia.
- Planejamento Agrícola: Ajuste os calendários de plantio e colheita com base nas previsões de chuvas e seca.
- Uso Eficiente da Água: Adote técnicas de irrigação eficientes para economizar água e minimizar o impacto da estiagem.
- Prevenção de Queimadas: Mantenha práticas agrícolas que previnam incêndios e sigam os regulamentos de controle de queimadas.
Com essas precauções e um olhar atento às mudanças climáticas, é possível minimizar os efeitos adversos do La Niña em dobro e proteger as culturas e o meio ambiente.
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