MERCADO DE CRÉDITO

Por que grandes empresas estão entrando em falência ou recuperação fiscal? Entenda

A Perfil Brasil conversou com o economista Pedro Paulo Silveira para compreender os possíveis motivos; As tradicionais Oi, Marisa, Livraria Cultura, Americanas e Chocolates Pan estão na lista.

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“O cenário do mercado de crédito preocupa” Pedro Paulo Silveira (Crédito: Spencer Platt/Getty Images)

Nos últimos meses grandes e conhecidas empresas anunciaram estar encaminhando propostas de recuperação fiscal ou até mesmo de falência à Justiça. As tradicionais Oi, Marisa, Livraria Cultura, Americanas e Chocolates Pan estão na lista.

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A Perfil Brasil conversou com o economista Pedro Paulo Silveira para entender os possíveis motivos que estão por trás dessas movimentações. Segundo ele, um dos principais fatores é o mercado de crédito no Brasil. 

Nós temos problemas relacionados à alta da taxa de juros. A taxa de juros nesse patamar dificulta a vida das empresas que se endividaram ao longo dos últimos anos, sobretudo depois da pandemia de Covid-19, e agora enfrentam uma situação na qual a economia não cresce tudo que se esperava que crescesse e as taxas de juros estão mais altas”, explica.

Nesta segunda-feira (14), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, endossou as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à política monetária do Banco Central. De acordo com ele, os juros no Brasil são totalmente “fora de propósito”

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Agora, o governo tentará pressionar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para que a instituição reduza a taxa básica de juros (Selic) de 13,75% ao ano.

Silveira afirma que “O cenário do mercado de crédito preocupa, porque empresas que estão relativamente bem, fora dessa situação, podem acabar em dificuldades se o crédito continuar escasseando”. É importante acompanharmos isso porque pode ter um impacto realmente significativo na atividade econômica”, conclui o economista. 

Chocolates Pan

A Chocolates Pan, que ficou famosa pelo  “cigarrinho” de chocolate, pediu falência à Justiça de São Paulo. Com  mais de R$ 200 milhões em dívidas, a empresa afirma que não tem condições de continuar suas atividades. O pedido de troca de recuperação judicial para falência foi feito na 1ª RAJ (Região Administrativa Judiciária), no TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo).

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A companhia declarou  “insuficiência de caixa e a impossibilidade de regularização do passivo, fato que compromete, irremediavelmente, seu soerguimento”.

Marisa

Na semana passada, o diretor presidente da Marisa renunciou ao cargo. A empresa contratou a BR Partners para assessorá-la no processo de renegociação de seu endividamento financeiro e a Galeazzi Associados para apoiá-la no aperfeiçoamento da estrutura de custos.

O Valor apurou que as dívidas da companhia se dão pelo alto vencimento de linhas a serem pagas no curto prazo, ao longo de 2023. Fontes afirmam que há espaço, junto aos credores, para um alongamento dos valores atuais totais da dívida líquida, na faixa de R$ 600 milhões.

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Ainda segundo o portal, o valor a vencer este ano equivale a pouco mais de 40% do total da dívida bruta (antes de caixa e equivalentes). Para o prazo de dois anos, a fatia sobe para 80%.

Livraria Cultura

Na quinta-feira (09), a Justiça de São Paulo decretou a falência da rede Livraria Cultura. A decisão ocorreu mais de quatro anos após a 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central Cível aceitar o pedido de recuperação judicial.

Na época, a solicitação de recuperação informava dívidas de R$ 285,4 milhões, sendo a maior parte com fornecedores e bancos.

Oi

Depois de mais de seis anos de negociações com credores, a recuperação judicial da operadora de telefonia Oi chegou ao fim. A empresa havia entrado com pedido de recuperação judicial na Justiça do Rio de Janeiro em junho de 2016. Na época, a companhia devia R$ 65,38 bilhões e as renegociações com os credores para reestruturar os débitos haviam fracassado.

O juiz responsável pelo caso informou que, apesar do fim da recuperação judicial, credores não pagos ao longo do processo poderão continuar a recorrer aos direitos. “[O encerramento da recuperação judicial] não importa em qualquer prejuízo à apreciação de postulações de direito material e processual formuladas por credores concursais [preferenciais] ou não, e por terceiros, e não decididas no curso do processo”, destacou o magistrado.

Americanas

A empresa entrou com pedido de recuperação judicial em 19 de janeiro, declarando dívida de R$ 43 bilhões. A companhia pagava fornecedores por meio de uma triangulação com bancos, mas os pagamentos não foram devidamente dimensionados e realizados, gerando a dívida.

O comunicado da Americanas sobre o rombo no balanço, enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), foi divulgado em janeiro após o fechamento da Bolsa. O documento informou também que o presidente da marca, Sérgio Rial deixou o cargo, nove dias após assumir.

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