"GUERRA PSICOLÓGICA"

Coreia do Norte volta a enviar balões com lixo à Coreia do Sul

A irmã de Kim Jong Un, Kim Yo Jong, havia prometido uma “nova ação em resposta” caso os ativistas sul-coreanos continuassem enviando panfletos anti-Norte

Coreia do Norte volta a enviar balões com lixo à Coreia do Sul
Militares recolhem lixo de um balão que teria sido enviado pela Coreia do Norte até a Coreia do Sul – Créditos: Yonhap News Television/ Ministério de Defesa da Coreia do Sul

No final deste domingo (9), a Coreia do Norte enviou uma nova onda de balões com lixo em direção à Coreia do Sul. Segundo os militares sul-coreanos, foram encontrados “cerca de 50 balões”, porém acredita-se que muitos outros tenham voltado para o Norte devido ao vento. Seul classificou a ação como “perigosa“, percebendo-os como retaliação às transmissões de propaganda anti-Norte retomadas na fronteira.

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A irmã de Kim Jong Un, Kim Yo Jong, havia alertado sobre respostas se o Sul continuasse sua “guerra psicológica“. Ela prometeu uma “nova ação em resposta” caso os ativistas sul-coreanos continuassem enviando panfletos anti-Norte. “Advirto severamente Seul para parar imediatamente com este ato perigoso”, afirmou Kim, acrescentando que Seul está criando um “novo ambiente de crise”.

A crescente tensão aumentou preocupações sobre uma potencial ação militar retaliatória. Na última semana, o governo sul-coreano suspendeu um acordo de 2018 que tinha como objetivo reduzir as tensões militares com o Norte. Isso permitiu que as transmissões de propaganda fossem retomadas e que os exercícios militares ao longo da fronteira fossem potencialmente reiniciados.

As transmissões visam informar soldados e residentes norte-coreanos sobre a “realidade da Coreia do Norte” e os avanços da Coreia do Sul, sendo utilizadas rotineiramente pelos militares como meio de guerra psicológica.

Entenda a “guerra dos balões

Durante décadas, a Coreia do Norte esteve quase completamente isolada do resto do mundo, controlando rigidamente a informação que entra ou sai. Materiais estrangeiros, incluindo filmes e livros, são proibidos, com poucas exceções sancionadas pelo Estado; os pegos com contrabando estrangeiro enfrentam punições severas, segundo os desertores.

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Nas últimas décadas, as restrições diminuíram ligeiramente à medida que as relações da Coreia do Norte com a China se expandiram. Essa abertura permitiu que alguns elementos sul-coreanos, incluindo partes da sua cultura pop, infiltrassem na nação – especialmente em 2017 e 2018, quando as relações entre os dois países se descongelaram.

Porém, nos anos seguintes, a situação na Coreia do Norte deteriorou-se e as negociações diplomáticas desmoronaram, resultando na reimplementação de regras rigorosas.

No início deste ano, um grupo de pesquisa sul-coreano divulgou imagens raras mostrando adolescentes norte-coreanos condenados a trabalhos forçados por assistirem e distribuírem séries do sul.

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Na quinta-feira passada (6), ativistas sul-coreanos enviaram balões através da fronteira em direção ao Norte, carregando centenas de milhares de panfletos condenando o líder Kim Jong Un e 5.000 pen drives contendo músicas e séries produzidas no Sul.

Somente nas últimas semanas, a Coreia do Norte lançou mais de mil balões com lixo através da fronteira fortificada, afirmando ser uma resposta à prática de anos de grupos ativistas sul-coreanos de enviar balões com panfletos anti-Coreia do Norte em direção a Pyongyang.

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