A Índia concluiu neste final de semana a votação nas eleições. A disputa foi marcada pelo grande favoritismo do primeiro-ministro Narendra Modi, representante do nacionalismo hindu.
A contagem dos votos começou nesta terça-feira (4) e, de acordo com os resultados iniciais, a coalizão liderada por Modi deve vencer com maioria simples no Congresso. Foram 44 dias de votação, centenas de milhões de eleitores e sete fases eleitorais. Os resultados, porém, são rápidos, graças ao uso de urnas eletrônicas.
Mais de um milhão de seções de votação foram instaladas pelo país, e fiscais eleitorais levaram urnas até regiões remotas, como povoados isolados em montanhas e reservas naturais, nos 29 estados e sete territórios menores da Índia, conhecidos como territórios da União.
Cerca de 642 milhões votaram
A Comissão Eleitoral da Índia informou nesta segunda-feira (3) que 642 milhões de pessoas votaram no maior processo democrático do mundo, representando 66% dos 969 milhões de eleitores aptos. A população total da Índia, o país mais populoso do mundo, é de 1,428 bilhão de habitantes, segundo projeção da ONU para 2023.
O número de votantes na Índia é tão grande que equivale a mais de três vezes a população do Brasil, que conta com 203 milhões de habitantes, de acordo com o censo de 2022 do IBGE. O Brasil tem 156,46 milhões de eleitores, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral atualizados em 2022.
“Batemos um recorde mundial, com 642 milhões de eleitores indianos. É um momento histórico para todos nós“, declarou o presidente da Comissão Eleitoral, Rajiv Kumar.
No entanto, a participação eleitoral foi menor do que o esperado. Analistas indianos atribuem isso à esperada vitória de Modi e às ondas de calor no norte do país, com temperaturas próximas de 50°C.
Modi busca terceiro mandato consecutivo
A vitória do partido de Narendra Modi, o Bharatiya Janata (BJP), parece certa, garantindo ao primeiro-ministro um terceiro mandato consecutivo.
Modi, que promove uma política nacionalista fortemente influenciada pelo hinduísmo, religião de cerca de 85% da população indiana, já liderou o BJP a vitórias expressivas nas eleições de 2014 e 2019, graças à sua popularidade entre os hindus.
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Pesquisas de boca de urna indicam uma vitória significativa para Modi. Se confirmadas, os nacionalistas hindus terão triunfado em uma campanha marcada por acusações mútuas de preconceito religioso e ameaças a partes da população.
Desde o início das eleições em 19 de abril, houve alegações de que o primeiro-ministro está fomentando tensões entre a maioria hindu e a minoria muçulmana. Poucos dias após o início da votação, Modi chamou os muçulmanos de “penetras” em um comício.
Durante a campanha, o parlamentar também promoveu uma teoria da conspiração de que os muçulmanos um dia superariam os hindus em número devido à maior taxa de natalidade. Ele afirmou que, se a oposição retornasse ao poder, redistribuiria a riqueza entre aqueles com mais filhos, uma teoria repetida por políticos do BJP e divulgada em um vídeo no Instagram do partido.