Famílias da ilha de Gardi Sugdub, no arquipélago de San Blas, no Panamá, foram obrigados a saírem de suas casas devido ao aumento do nível do mar. Eles foram realocadas em 300 novas casas na cidade de Isberyala e tiveram suas vidas alteradas pelas mudanças climáticas.
A cada ano, as típicas tempestades do final de ano se tornam mais fortes, isso por conta do maior volume de água nos oceanos e seu aquecimento. Em novembro e dezembro do ano passado, as chuvas foram tão fortes que encheu as ruas e invadiu a maior parte das casas.
Os moradores, da etnia indígena Guna, são os primeiros de 63 comunidades ao longo da costa do Caribe que autoridades e cientistas preveem que serão forçados a se mudar devido aumento do nível do mar. Confira registro feito pelo governo do Panamá da situação:
Culmina con éxito el operativo interinstitucional de mudanza de la isla Gardí Sugdub al proyecto residencial Urbanización Isberyala, en la Comarca Guna Yala. Las 300 familias beneficiarias han ocupado sus hogares y empiezan una nueva vida. pic.twitter.com/rchCVAA574
— Ministerio de Vivienda y Ordenamiento Territorial (@MIVIOTPma) June 7, 2024
Moradores da ilha têm opiniões divergentes sobre a retirada
A maior parte das pessoas optou por sair da ilha, porém a retirada não foi obrigatória. Sete ou oito famílias, cerca de 200 pessoas, escolheram permanecer em Gardi Sugdub por enquanto. Umas destas famílias foi a de Augencio Arango, de 49 anos. Em entrevista à agência Associated Press, ele disse que prefere ficar na ilha porque é mais relaxante.
“Honestamente, não sei por que as pessoas querem morar lá”, disse. “É como morar na cidade, trancado e não dá para sair, e as casas são pequenas.” Para poder permanecer, porém, eles precisaram construir casas de dois andares, pois a água acaba invadindo as moradias.
Para Arango, as pessoas são responsáveis pelo que acontece na ilha. “O homem é quem prejudica a natureza. Agora eles querem derrubar todas as árvores para construir casas em terra firme”, afirmou.
Augusto Walter, de 73 anos, foi um dos moradores que escolheu se mudar e logo percebeu a diferença do clima, causada pelo aquecimento global. “Aqui é mais fresco. Lá a essa hora do dia está um forno”, contou.
Ernesto López tem 69 e também se mudou da ilha com sua esposa e mais dois parentes. Ele, que é um líder guna, afirmou que faz mais sentido não estar mais em Gardi Sugdub. “Estávamos realmente espremidos em casas com muita gente. Não cabíamos mais, e o mar chegava todo ano”, opinou.
A maior parte das famílias que chegou em Isberyala não teve acesso a eletricidade e nem água. O governo, que cuidou da construção das casas, disse que haveria eletricidade disponível na cidade, porém cada família teve que abrir a própria conta. A primeira noite de López foi iluminada por uma lanterna e queimadores de gás, que sua família trouxe da ilha.
Também como a maioria, ele nunca imaginou que abandonaria a ilha completamente, uma vez que gerações já haviam passado a vida toda em Gardi Sugdub.
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini