A jornalista ucraniana Victoria Roshchyna, que estava desaparecida desde agosto do ano passado, morreu em setembro enquanto estava sob custódia russa. A informação foi divulgada por autoridades ucranianas nesta semana.
Roshchyna, de 27 anos, desapareceu enquanto realizava uma cobertura jornalística em uma área ocupada pela Rússia. Desde então, sua família e amigos ficaram meses sem saber o que havia acontecido com ela.
Segundo o Gabinete do Procurador-Geral da Ucrânia, somente em abril deste ano a Rússia comunicou oficialmente à família que a jornalista estava presa. As circunstâncias da sua captura e morte ainda estão sob investigação.
Today, I learned the terrible news. Our colleague, journalist Victoria Roshchyna, died in Russian captivity.
I have a question. What did they do with her? What could have been done to a young girl to make her die? I call on all journalistic organizations from different… pic.twitter.com/NxpNE4U4HD
— Oleksandra Matviichuk (@avalaina) October 10, 2024
Jornalista ucraniana morre em custódia russa
O comissário de direitos humanos da Ucrânia, Dmytro Lubinets, confirmou a morte de Roshchyna e acusou a Rússia de responsabilidade. “Tenho documentação oficial do lado russo confirmando a morte da jornalista ucraniana Victoria Roshchyna, que foi ilegalmente privada de sua liberdade pela Rússia”, declarou ele.
Colegas de Roshchyna relataram que ela havia viajado para territórios sob controle russo para cobrir as condições de vida sob ocupação, uma missão arriscada para qualquer ucraniano. Eles afirmam que sua morte pode ter sido resultado de assassinato ou dos abusos sofridos durante o tempo em cativeiro. “Temos todos os motivos para acreditar que sua morte foi resultado de um assassinato deliberado ou do tratamento cruel e da violência aos quais ela foi submetida durante seu tempo em cativeiro russo”, disseram jornalistas ucranianos em uma nota divulgada em vários veículos de imprensa.
O Gabinete do Procurador-Geral da Ucrânia abriu uma investigação sobre o caso, tratando-o como um crime de guerra, somado a um assassinato premeditado.
Roshchyna foi lembrada por colegas como uma profissional dedicada. A jornalista Evgeniya Motorevskaya, ex-editora da Hromadske, um meio de comunicação ucraniano, destacou o compromisso de Roshchyna com o jornalismo. “Para ela, não havia nada mais importante do que jornalismo. Vika sempre foi onde os eventos mais importantes para o país aconteceram”, disse Motorevskaya.
Condições brutais de detenção
O porta-voz do Centro de Coordenação Ucraniano para o Tratamento de Prisioneiros de Guerra, Petro Yatsenko, afirmou que Roshchyna morreu enquanto era transferida de um centro de detenção em Taganrog, no sul da Rússia, para Moscou, como parte de um processo para sua possível libertação. “Infelizmente, não tivemos tempo suficiente”, lamentou ele.
De acordo com Tetyana Katrychenko, da Media Initiative for Human Rights, o centro de detenção em Taganrog é conhecido por suas condições extremamente severas. “Taganrog… é conhecido como um dos locais de detenção mais brutais para ucranianos na Federação Russa. É chamado de inferno na terra”, disse ela, destacando que a jornalista foi mantida em confinamento solitário de maio a setembro deste ano.
A morte de Roshchyna ocorre em meio a um cenário de detenção arbitrária e tortura de milhares de civis ucranianos por parte das autoridades russas, segundo o governo da Ucrânia. Estima-se que 14.000 civis estejam detidos na Rússia desde o início do conflito em 2014.
Victoria Roshchyna havia recebido o prêmio Courage in Journalism em 2022, concedido pela International Women’s Media Foundation, em reconhecimento ao seu trabalho em zonas de conflito. Seus textos e reportagens apareceram em veículos como Ukrayinska Pravda, Hromadske e Radio Free Europe.
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