ex-comandante do Exército

Quem é Juan José Zúñiga, que liderou tentativa de golpe na Bolívia?

Militar afirmou que o levante foi impulsionado pelo crescimento do descontentamento popular e os problemas contínuos enfrentados pelo governo de Arce

Quem é Juan José Zúñiga, que liderou tentativa de golpe na Bolívia?
General Juan José Zúñiga – Créditos: Redes Sociais/Reprodução

O cenário político na Bolívia encontra-se altamente instável após movimentações preocupantes de grupos do Exército. Segundo o presidente boliviano Luis Arce, houve uma articulação para depô-lo do poder, configurando uma tentativa de golpe de estado.

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O ex-comandante do Exército Boliviano, Juan José Zúñiga, e o Vice-Almirante Juan Arnez, antigo comandante da Marinha, foram considerados líderes da escalada golpista.

Quem é Juan José Zúñiga?

Antes de ser comandante, Zúñiga foi chefe do Estado-Maior do Exército boliviano. Em novembro de 2023, de acordo com o jornal argentino Clarín, o general chamou os críticos das Forças Armadas de antipatriotas. “Quero dizer aos antipátria, à quinta coluna: não percam seu tempo atacando os quartéis em busca de kalimanes. Já não existam kalimanes, não percam seu tempo“, afirmou ele, referindo-se ao ex-comandante Williams Kaliman, que pressionou Evo Morales a renunciar em 2019.

Na mesma época, em uma publicação no X, Evo acusou Zúñiga de ameaçar matá-lo em reuniões de um grupo chamado Pachajcho, que supostamente foi organizado dentro das Forças Armadas para perseguir dirigentes políticos e sindicalistas cocaleiros. “Se fala que não existem mais kalimanes, que se apresente ao Ministério Público e diga o que sabe da participação de seu ex-comandante no golpe de Estado“, disse, referindo-se aos eventos de 2019.

Evo também mencionou a existência de áudios das ameaças supostamente feitas pelo general, embora não os tenha apresentado. Zúñiga é ainda acusado de desvio de recursos destinados a iniciativas sociais, acusações que ele nega.

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Descontentamento com a gestão política

O militar demonstrou um grande descontentamento com a administração atual. Ele não apenas criticou a gestão de Arce, mas também fez ataques diretos a Evo, afirmando que ele “não pode mais ser presidente deste país“.

As declarações resultaram em sua demissão pelo governo na terça-feira (25). No entanto, Zúñiga se rebelou contra o Executivo e liderou um levante.

Em entrevista à televisão local, ele esclareceu os motivos por trás do ato extremo. Segundo o militar, o levante foi impulsionado pelo crescimento do descontentamento popular e os problemas contínuos enfrentados pelo governo de Arce. A promessa era de um “novo gabinete de ministros“, uma nova direção que supostamente aliviaria os problemas do país.

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O militar não mediu palavras ao expressar sua frustração: “estamos demonstrando nosso desagrado. É dever e obrigação do soldado do país, das suas forças armadas, do seu exército que deu origem a este país, recuperar o país. Pare de destruir e empobrecer nosso país. Vamos assumir o controle da Casa Grande do Povo. Não pode ser que a lealdade dos comandantes seja paga com deslealdade“, destacou.

 

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Como se desenrolou a crise na Bolívia?

Na linha de frente deste cenário de tensão, Arce tomou medidas imediatas para contornar a ameaça de desestabilização. Uma comissão de promotores foi estabelecida pelo procurador-geral Juan Lanchipa, com o propósito de investigar as alegações de sedição e o suposto envolvimento de Zúñiga no planejamento de um golpe de Estado na Bolívia.

A instabilidade gerada por estas ameaças coloca em cheque a resiliência da democracia boliviana, uma nação que já vivenciou diversos embates políticos significantes em sua história recente. Estrategicamente, o governo trabalha para assegurar que a constituição e o mandato popular sejam resguardados, o que inclui monitorar e agir contra qualquer forma de insurreição dentro das forças armadas ou grupos civis.

Vamos defender a democracia e a vontade do povo boliviano custe o que custar! Saudamos e agradecemos aos presidentes de países amigos e às organizações internacionais que condenaram veementemente e se manifestaram a favor da democracia boliviana, face à tentativa de golpe de Estado contra o nosso Governo legitimamente eleito pela maioria dos bolivianos“, escreveu Arce no X.

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