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Sol a pino e protestos contra a fome: a primeira greve geral enfrentada por Milei

A manifestação reivindicava, principalmente, revogação de leis anunciadas por Javier Milei, como o “decretaço” e a Lei Omnibus

As ruas da capital argentina, Buenos Aires, encheram-se de manifestantes na tarde desta quarta-feira (24). Mesmo com temperaturas ultrapassando a casa dos 30ºC, o protesto, organizado pela CGT, representante de diversos sindicatos do país, seguiu reivindicando direitos e exigindo que os políticos revisassem leis anunciadas por Javier Milei, como o "decretaço" e a Lei Omnibus, que ainda será votada.
As estimativas de adesão ao movimento variam – Créditos: Telam/Reprodução

Milhares de manifestantes encheram as ruas de Buenos Aires, na tarde desta quarta-feira (24) em apoio à greve geral, organizada pela CGT, representante de diversos sindicatos do país. Mesmo com temperaturas ultrapassando a casa dos 30ºC, o protesto seguiu reivindicando direitos e exigindo que os políticos revisassem leis anunciadas por Javier Milei, como o “decretaço” e a Lei Omnibus, que ainda será votada.

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Ambos os projetos mudam drasticamente as diretrizes econômicas do país, como a liberação da privatização de empresas públicas e mudança no sistema de segurança pública do país.

Como foi?

Grupos começaram a se concentrar já durante a manhã. Para manter a paz, patrulhas e cordões policiais ao redor das vias foram instaurados. Entretanto, já percebia-se que as medidas antiprotestos impostas pela ministra de Segurança, Patrícia Bullrich, que, por exemplo, buscam proibir a ocupação das ruas em manifestações, não funcionariam.

Ao adentrar a tarde, mais manifestantes ocupavam as principais ruas e avenidas da capital, entoando gritos de ordem, como “A pátria não está a venda”. Mesmo com o grande número de pessoas, não houve nenhum confronto sério com a polícia, mas testemunhas afirmaram tensões entre as duas partes.

Grupos de variados setores da economia, desde caminhoneiros até produtores audiovisuais juntaram-se para contestar o governo atual de Javier Milei. Com cartazes e bonecos caricatos do presidente, o povo clamava “a unidade dos trabalhadores”.

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Uma das figuras era um busto de Milei, com minhocas saindo de sua boca e a mensagem “a casta são os aposentados”, em protesto â fala do presidente que, em sua campanha, destacou que atuaria contra uma “casta” de “políticos imorais”. A motosserra, objeto emblemático de Milei, também foi representada, porém, ao invés de cortar os gastos do Estado, imagens a mostravam serrando a constituição da Argentina.

Não se tem uma estimativa de quantas pessoas compareceram às ruas. O governo calculou cerca de 40 mil de aderentes, enquanto que a CGT estima que nacionalmente, 1,5 milhão de protestantes saíram de casa, 350 mil só em Buenos Aires.

Palestras

Por volta das 14h, os líderes e palestrantes começaram a subir no palco montado na Avenida Callao, próximo ao Congresso Nacional. O evento começou com a leitura de um documento conjunto assinado pelos grupos organizadores do movimento.

Em seu discurso, um dos líderes da CGT e sindicalista dos caminhoneiros,  Pablo Moyano, afirmou que o plano do ministro da Economia, Luís Caputo, era implantar “medidas de fome, ajustes e demissões”.

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O representante dos caminhoneiros ainda cobrou os políticos: “Que digam publicamente se estão com os trabalhadores ou com as empresas e o modelo econômico levado a cabo pelo presidente Javier Milei”. “Um peronista não pode votar a favor do DNU que vaii contra os trabalhadores e a soberania nacional”, completou.

Na sua vez, Hector Daer também direcionou-se aos parlamentares: “Nenhum representante pode fingir que está distraído com o que estamos discutindo”, alegou. “Dizemos a eles que olhem todos vocês na cara, olhem nos olhos e ajam de acordo e não fiquem no escuro recebendo comandos ou se escondendo porque disseram que vocês são sádicos e corruptos”.

Voos cancelados

A greve não afetou apenas a Argentina. Companhias aéreas, como Gol e Latam, cancelaram e adiaram voos com destino ao país vizinho nesta quarta-feira, devido ao anúncio da Associação de Pessoal Aeronáutico (APA), que afirmava paralisação de 0h de terça para quarta-feira até 0h de quarta para quinta-feira.

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