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Xenofobia na Rússia cresce após atentado em Moscou

Diante desse cenário, vários tajiques expressaram o desejo de retornar ao seu país, apesar dos desafios econômicos e políticos lá enfrentados

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Vladimir Putin – Crédito: Getty Images

Uma semana após o atentado em Moscou, as autoridades russas passaram a deportar imigrantes da Ásia Central. Esse movimento parece ser uma resposta direta ao ataque terrorista, uma vez que pelo menos quatro dos indivíduos detidos são do Tajiquistão. Além disso, manifestações de xenofobia na Rússia, já presentes antes do atentado, estão se tornando mais frequentes no país.

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A ONG Primeiro Departamento, a qual atua com imigrantes dentro da Federação Russa, apontou ao Globo que as autoridades fizeram a deportação de pelo menos 64 pessoas em São Petersburgo desde quinta-feira (28).

Segundo um advogado que representa alguns dos estrangeiros que estão detidos, os centros de detenção temporária de cidadãos estrangeiros estão totalmente inacessíveis. Além disso, ele mencionou que há uma grande quantidade de veículos utilizados para transportar pessoas ao aeroporto. Embora as autoridades neguem qualquer ação direcionada, a ONG relata que operações semelhantes ocorreram em outras cidades russas.

Imigrantes da Ásia Central

A maioria dos afetados são cidadãos de países da Ásia Central. Dados de 2022 indicam que quase 3 milhões de pessoas do Uzbequistão e Tajiquistão estão na Rússia. Vale ressaltar que muitas vezes essas pessoas estão trabalhando em condições informais, com salários baixos e enfrentando constantes ameaças de prisão, violência e deportação.

Segundo Bektour Iskender, pesquisador e jornalista do Quirguistão, ao Moscow Times, a Rússia precisa desses imigrantes, uma vez que eles constituem uma mão se obra necessária. Por outro lado, esses países da Ásia Central se tornam mais dependentes da Rússia, a qual amplia sua influência regional.

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“Mas as políticas da Rússia para a Ásia Central são cheias de contradições. Enquanto as pessoas da região podem facilmente se alocar na Rússia, o Estado russo invariavelmente os relega a um status de cidadãos de segunda classe através da discriminação sistêmica e perfilamento racial”, acrescentou o pesquisador.

O aumento da xenofobia na Rússia

De acordo com a Radio Ozodi, têm sido denunciados casos de xenofobia em diversas cidades desde o ataque no Crocus City Hall. Em Blagoveshchensk, na Sibéria, por exemplo, houve um incêndio em um depósito mantido por imigrantes. O prefeito da cidade afirmou que o incidente foi claramente motivado por questões étnicas.

Já em Kaluga, três indivíduos do Tajiquistão foram agredidos em público. Além disso, motoristas de táxi têm relatado que muitos passageiros estão cancelando suas corridas no momento que descobrem suas nacionalidades. “Olá, qual sua nacionalidade? Se for do Tajiquistão, pode cancelar a viagem”, dizia uma mensagem de um passageiro que veio à público na terça-feira (26) em uma página de notícias de Novosibirsk, também na Sibéria.

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Diante desse cenário, também à rádio, vários tajiques expressaram o desejo de retornar ao seu país, apesar dos desafios econômicos e políticos lá enfrentados.

 * Sob supervisão de Lilian Coelho

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