* Por Alexandre Gossn

Capitólio Brasileiro: Terroristas invadiram edifícios do Planalto, Congresso e STF

Análise: O Brasil jamais fez a lição de casa após o fim da ditadura: extremistas sempre foram tratados como figuras caricatas, cidadãos perdidos no tempo, mesmo que a Justiça e institutos de pesquisa estejam avisando que o número de células de organizações radicalizadas estejam só aumentando. 

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(Crédito: Reprodução/ Twitter)

O radicalismo político é como um demônio que, após tirado da garrafa, é difícil de ser lá novamente aprisionado. O Brasil jamais fez a lição de casa após o fim da ditadura: extremistas sempre foram tratados como figuras caricatas, cidadãos perdidos no tempo, mesmo que a Justiça e institutos de pesquisa estejam avisando que o número de células de organizações radicalizadas estejam só aumentando.  Tanto a ESQUERDA como a DIREITA em nosso país gostam de enxergar nossa cultura como pacífica, amistosa e hospitaleira. Por essa ótica não seríamos afeitos à violência e extremismos.  Nada mais longe da realidade.

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Chegou a hora de limparmos o espelho e encararmos quem efetivamente somos como povo/nação/país. Somos o país da longeva escravidão, dos golpes militares que se sucedem, do maior partido fascista mundo no hemisfério sul nos anos 30, de um dos maiores partidos nazistas do mundo nos anos 40 e o país que enviou Olga Benário grávida para um campo de concentração de Hitler.

Somos o país que depôs Jango mudando as regras do jogo para evitar reformas sociais, o país do golpe de 64 apoiado por enorme parcela da população, a nação do AI-5 e o Estado que contribuiu para o golpe de Pinochet no Chile, inclusive ensinando métodos de tortura “eficazes” aos oficiais chilenos. Somos os país das valas coletivas clandestinas nos subúrbios das grandes cidades durante os anos de Chumbo, das chacinas de Vigário Geral e Rocinha, somos a nação que aplaude policial torturador em Tropa de Elite e venera coronel que massacra presidiários desarmados aos montes.

Somos o país que não julgou seus torturadores, assassinos, deixou o Comando Militar ditar normas da nossa Constituição durante a Constituinte e a nação em que ao menos os 4 primeiros presidentes da Nova República (Collor, Itamar, FHC e Lula) tiveram verdadeiramente medo das Forças Armadas e de instituir uma Comissão da Verdade. Não há como compreender as invasões de hoje no Planalto, Congresso e STF sem entender a jornada do nosso país. Estes invasores, estes tolos celerados, estes bobos incoerentes são massa de manobra de coordenadores e insufladores deste movimento insurreicional.

E nem falo de Jair Bolsonaro apenas: a coisa tornou proporção muito maior, tanto fora como dentro das forças Armadas, tanto na ativa como na reserva. O país passa por um momento em que tem que necessariamente passar o passado a limpo e levar à Justiça não apenas estes tolos invasores, mas, especialmente, os conspiradores que por baixo dos panos estão insuflando este movimento e semeando mentiras e caos ao menos desde 2016.

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Vale ressaltar que o ataque brasileiro (2023) foi muito mais grave que o do CAPITÓLIO em Washington/EUA em 2021. Aqui, houve cuidadoso planejamento de INVASÃO dos 03 Centros Nervosos do Poder Constitucional: STF, Planalto e Congresso. 100 ônibus lotados chegaram ontem à noite em Brasília.

Quem financia todo este movimento? Quem comanda e organiza estes atos terroristas? É evidente que não há como realizar um ato como esse de forma espontânea. E o papel do governo do DF, claramente alinhado ao ex-presidente, não deve ser subestimado. Outrossim, não podemos esquecer da claríssima conivência das forças policiais com os terroristas. Não se trata apenas de “simpatia”, mas, sim, de PREVARICAÇÃO.

* Alexandre Gossn é escritor, Pesquisador, Doutorando em Estudos Contemporâneos pelo Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra, Mestre em Direito Ambiental pela Universidade Católica de Santos, Urbanista e Advogado.

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