julgamento do CNJ

Moro tentou “jogar culpa” em juíza e procuradores por desvio bilionário da Lava Jato, diz advogado

Segundo o jurista, Moro, em visita ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, atribuiu a responsabilidade da criação do “Fundo Lava Jato” a Gabriela Hardt, Deltan Dallangnol e Carlos Fernando dos Santos Lima

O advogado Rodrigo Bertholdo descreveu, em um longo post em sua conta no X, a tentativa do senador Sergio Moro de eximir-se da culpa da tentativa de desvio de R$ 2,5 bilhões em acordos de leniência pagos pela Petrobras, decorrentes da Operação Lava Jato.
O pedido de abertura foi feito pela PF e PGR – Créditos: Agência Brasil

O advogado Rodrigo Bertholdo descreveu, em um longo post em sua conta no X, a tentativa do senador Sergio Moro de eximir-se da culpa da tentativa de desvio de R$ 2,5 bilhões em acordos de leniência pagos pela Petrobras, decorrentes da Operação Lava Jato.

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Segundo o jurista, Moro, em visita ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, atribuiu a responsabilidade da criação do “Fundo Lava Jato”, para o qual seriam destinadas multas pagas pela estatal, à juíza Gabriela Hardt, que o substituiu no comando da 13ª Vara de Curitiba, e aos procuradores Deltan Dallangnol e Carlos Fernando dos Santos Lima. O fundo, segundo investigação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), era gerido por uma empresa privada.

“Em certo ponto da conversa ele disse que depois que saiu da magistratura havia perdido totalmente o contato com Hardt e que, ATENÇÃO: ‘temia pela condução pouco responsável que Hardt realizava na condução dos acordos da Lava Jato com as autoridades norte-americanas’ (observem que ele foi direto ao ponto)”, afirma um trecho do tuíte.

Moro também afirmou que foi procurado por Gabriela Hardt, que pediu sua opinião sobre a homologação do acordo. “Disse a ela que este assunto não me dizia mais respeito, porém e ainda assim eu era absolutamente contra a realização dele”.

A juíza foi afastada de suas atividades jurídicas na última segunda-feira (15), por decisão do corregedor ministro Luís Felipe Salomão. A medida faz parte da investigação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre improbidades nos julgamentos dos indiciados pela operação.

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Como funcionava a gerência do fundo?

Segundo Bertholdo, Deltan Dallangnol passava as cifras destinadas ao fundo pela aposentadoria de Carlos Lima, que deixou suas funções no Ministério Público Federal (MPF) em 2018. Logo após, ele passou a exercer a função de advogado na área de “compliance”.

Ao aposentar-se, Carlos poderia assumir a presidência da ONG envolvida no caso e gerir os valores advindos dos acordos de leniência. Bertholdo afirma que Moro estava ciente da situação. “Moro acrescentou [na conversa com Mendes]: essa magistrada [Hardt] tem uma ligação muito próxima ao ex-procurador Carlos Fernando do Santos Lima e do procurador Deltan Dallagnol, sendo que ambos insistiam e se esforçavam em obter recursos financeiros de multas para a criação de uma fundação que seria presidida por Lima”, diz trecho do post.

O futuro de Moro

Em entrevista à Revista Fórum, Rodrigo Bertholdo afirmou que o senador pode enfrentar consequências jurídicas. “Não tenho dúvida nenhuma que isso vai acabar gerando uma denúncia criminal, a abertura de um processo crime contra ela, contra o Moro e contra o Dallagnol”, constatou.

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Nesta terça-feira, o CNJ analisa uma reclamação disciplinar contra Moro. A expectativa é que o corregedor Salomão indique a abertura de um processo criminal.

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