QUEBRA DO SIGILO DE 100 ANOS

Pazuello diz que avisou comando do Exército sobre ato com Bolsonaro

Segundo o documento divulgado, o atual deputado informou a Justiça Militar que participaria da ação política ao lado do então presidente.

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Eduardo Pazuello (Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil)

Após decisão da Controladoria-Geral da República (CGU), o Exército divulgou o processo disciplinar instaurado contra o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello (PL-RJ), que foi arquivado pelas forças armadas. 

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Segundo o documento, o atual deputado avisou a Justiça Militar que participaria do ato político ao lado do então presidente Jair Bolsonaro. Pazuello ainda afirmou que foi “surpreendido” pelo convite do ex-chefe de Estado. Segundo o ex-ministro, “os laços de respeito e camaradagem” com o ex-presidente “justificaram” a convocação.

No processo, o então comandante, Paulo Sérgio Nogueira, confirmou que foi avisado pelo general na véspera. Após o ato e após o ex-ministro apresentar suas justificativas, Nogueira registrou que não viu caráter político no evento.

Insta salientar, inicialmente, que o oficial-general em tela efetivamente comunicou a este comandante que se deslocaria à cidade do Rio de Janeiro, a fim de participar do passeio motociclístico, a convite do senhor presidente da República“, escreveu Nogueira. “Da análise acurada dos fatos, bem como das alegações do referido oficial-general, depreende-se, de forma peremptória, não haver viés político-partidário nas palavras proferidas”, concluiu.

Segundo o documento, Pazuello contou que o ajudante de ordem de Bolsonaro, Tenente Coronel Cid, o orientou a subir no caminhão de som e que, antes disso, ele não tinha intenção” de fazer um discurso no evento e que ficou “surpreso” quando Bolsonaro passou para ele um microfone. 

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Cabe ressaltar que não tinha conhecimento prévio que haveria carro de som para os agradecimentos do presidente da República, tampouco tinha a intenção de me pronunciar no evento. Acrescento que fui surpreendido quando o presidente me chamou para ficar ao seu lado na lateral do caminhão. Fiquei mais surpreso ainda quando o presidente passou às minhas mãos o microfone para que me dirigisse ao público“, continuou.

Em fração de segundos tive que pensar quais palavras seriam melhores para serem usadas para que não se tornasse um discurso político”, alegou.

Diante deste cenário, ainda de acordo com ele, tentou utilizar frases que não tivessem conotação política, como: fala, galera!“, “tamo junto ein“, “o PR [presidente] é gente do bem”.

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A divulgação dos dados foi feita por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), após a CGU retirar o sigilo de 100 anos sobre o processo no Exército.

O caso

A investigação apurou a conduta de Pazuello em um ato político que aconteceu em 2021, no Rio de Janeiro. Na ocasião, o ex-ministro estava ao lado do então presidente Jair Bolsonaro. Na época, o deputado era general da ativa do Exército, portanto, o ato, segundo o regulamento, seria proibido.

Ao fim do processo, que foi arquivado, Pazuello foi absolvido. Em nota, o Centro de Comunicação do Exército justificou que o comandante da Força “analisou e acolheu os argumentos apresentados por escrito e sustentados oralmente pelo referido oficial-general”.

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No entanto, as informações do caso não puderam ser acessadas pelo público. O Exército afirmou que agiu conforme a Lei de Acesso à Informação (LAI) ao impor sigilo de 100 anos ao caso.

A documentação solicitada é de acesso restrito aos agentes públicos legalmente autorizados e à pessoa a que ela se referir”, afirmou a Força.

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