escutas ilegais

STF abre inquérito contra Sérgio Moro sobre suposta fraude em delação

O caso foi delatado ao órgão judicial por Tony Garcia, figura política cujo acordo foi firmado com Moro, em 2004, quando o senador era chefe da 13ª vara federal

O advogado Rodrigo Bertholdo descreveu, em um longo post em sua conta no X, a tentativa do senador Sergio Moro de eximir-se da culpa da tentativa de desvio de R$ 2,5 bilhões em acordos de leniência pagos pela Petrobras, decorrentes da Operação Lava Jato.
O pedido de abertura foi feito pela PF e PGR – Créditos: Agência Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, determinou a abertura de um inquérito contra procuradores, dentre eles o senador Sérgio Moro (União Brasil), envolvidos em um acordo de colaboração premiada, que visava o monitoramento irregular de membros legais do estado.

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O caso foi delatado ao STF por Tony Garcia, figura política cujo acordo foi firmado com Moro, em 2004, quando o senador era chefe da 13ª vara federal. Segundo o blog da jornalista Daniela Lima, o então deputado estadual utilizaria grampos e escutas ambientais em conversas com políticos e juristas para obter provas contra membros do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), além de desembargadores do Paraná e o Tribunal de Contas do Estado.

Os documentos e gravações do caso estavam sob sigilo desde seus registros, e só foram revelados quando o juiz da vara, Eduardo Appio, os descobriu e enviou para o STF. Dentre as provas, constam chamadas telefônicas de Moro com Garcia, nas quais o juiz cobrava a entrega de conversas, conforme o acordo que tinham.

Tony Garcia foi ouvido pela PGR e Polícia Federal. Segundo documento obtido pelo blog da jornalista, a PGR afirma que “extrai-se do relato que o acordo de colaboração foi utilizado como instrumento de constrangimento ilegal”. A PF, corroborando com a análise, diz que “a colaboração premiada foi desvirtuada de forma a funcionar como instrumento de chantagem e de manipulação probatória”.

Os agentes ainda ponderam se as provas encaixam-se em outros crimes, como concussão, fraude processual, coação, organização criminosa e lavagem de capitais.

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Resposta de Moro

Sérgio Moro nega qualquer irregularidade com o acordo, justificando que as regras da colaboração premiada à época não eram as mesmas de atualmente, e que nenhum dos alvos tinha foro privilegiado. O senador ainda acusou Tony Garcia de ser um criminoso.

“Tony Garcia é um criminoso que foi condenado, com trânsito em julgado, por fraude e apropriação indébita. Em 2004, fez acordo de colaboração que envolveu a devolução de valores roubados do Consórcio Garibaldi e a utilização de escutas ambientais autorizadas judicialmente e com acompanhamento da Polícia Federal e do MPF. Essas diligências foram realizadas por volta de 2004 e 2005, e todas foram documentadas”, disse.

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