Em 2022, a União Europeia (UE), os Estados Unidos, o Canadá e outros países aprovaram o uso da vacina MVA-BN, que seria utilizada para prevenir contra mpox, durante o primeiro surto da doença. A mpox, também conhecida como monkeypox, tem despertado preocupações ao redor do mundo após um novo aumento no número de casos.
Embora vacinas para a proteção contra infecções de mpox já existam, nenhum dos imunizantes disponíveis age especificamente contra o vírus que causa a doença. O vírus da mpox pertence ao gênero Orthopoxvirus, que inclui outros vírus complexos como o vírus da varíola. Esses vírus compartilham muitas semelhanças genéticas, o que permite que vacinas desenvolvidas contra outros vírus também sejam aplicadas na proteção às infecções de mpox.
Entenda por que a mpox voltou a ser uma emergência global
Na última semana, a mpox foi novamente colocada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma emergência global de saúde. Mas por que essa doença voltou a ser uma ameaça? Na década de 1980, a varíola foi declarada erradicada, graças a um esforço global de vacinação em massa. A partir desse momento, a imunização em massa foi interrompida, e isso pode ter aumentado a suscetibilidade das pessoas a outras formas de Orthopoxvirus, como a mpox.
A reatividade cruzada explica parcialmente essa situação. Esse fenômeno ocorre quando antígenos diferentes, como espécies distintas de vírus, parecem semelhantes para o nosso sistema imunológico. Por exemplo, pessoas vacinadas contra a varíola podem ter alguma proteção contra a mpox, mas não total. Estudos mostram que a vacina contra varíola tem uma eficácia de 85% na prevenção de infecções por mpox.
Como funcionam as vacinas?
As vacinas contra mpox se baseiam na reatividade cruzada, que ocorre quando antígenos diversos têm aparências semelhantes para o sistema imunológico. Isso significa que os anticorpos gerados para combater um vírus podem ser eficazes contra outro. Por exemplo, uma pessoa vacinada contra a varíola pode ter anticorpos que também protegem contra a mpox.
Até agosto de 2024, havia apenas uma vacina aprovada para uso contra a mpox na UE e nos países do Espaço Econômico Europeu, assim como no Reino Unido, Estados Unidos, Suíça e Canadá: a MVA-BN. Produzida pela Bavarian Nordic, essa vacina consiste em uma cepa enfraquecida de um vírus do gênero Orthopoxvirus. Ela é administrada em duas doses com um intervalo de 28 dias.
Outras vacinas também estão em uso ou em avaliação. No Japão, a vacina LC16 foi aprovada para combater doenças causadas por Orthopoxvirus, enquanto a Rússia aposta na OrthopoxVac. Nos EUA e Austrália, a ACAM2000, que contém vírus vaccinia vivos, é recomendada para pessoas em risco de exposição. No Brasil, a Anvisa aprovou em 2022 a importação e uso da vacina MVA-BN. Desde então, milhares de doses foram aplicadas e o governo negocia a compra de mais doses.
Ainda, novas vacinas estão em desenvolvimento. Um exemplo é a vacina de mRNA BNT166, destinada especificamente aos antígenos do vírus da mpox, e atualmente está em avaliação clínica. As vacinas de mRNA ganharam proeminência durante a pandemia de covid-19.
Atualmente, a OMS não recomenda um programa de vacinação em massa contra a mpox. A organização sugere que apenas pessoas em risco de exposição ou que tiveram contato com o vírus devem ser consideradas para vacinação.
Sobre a Mpox ou Varíola do Macaco, é válido ressaltar que a vacina contra a Varíola (a humana), que inclusive já possuímos e foi fortemente utilizada nos anos 60-70 pra exterminar a doença, funciona na prevenção contra a Mpox.
A depender, uma dose extra pode ser necessária. pic.twitter.com/vA0ThYxYZa
— gab (@sensocirurgico) August 15, 2024