Em 2010, o pré-candidato à presidência dos EUA Robert F. Kennedy Jr. enfrentou problemas sérios de memória e confusão mental, levantando preocupações sobre um possível tumor cerebral.
Após vários neurologistas diagnosticarem um tumor, Kennedy foi agendado para uma cirurgia. No entanto, um médico do Hospital Presbiteriano de Nova York discordou, sugerindo que ele tinha um parasita morto no cérebro.
O médico acreditava que a anormalidade vista nas tomografias “foi causada por um verme que entrou no meu cérebro, comeu uma parte dele e depois morreu“, disse Kennedy em um depoimento de 2012 revisado pelo The New York Times.
Segundo Kennedy, nos dias após o telefonema de 2010 do Hospital Presbiteriano de Nova York, ele se submeteu a uma bateria de testes, e que as tomografias feitas ao longo de várias semanas não mostraram mudança na mancha no cérebro.
Os médicos finalmente concluíram que o cisto que viram nas tomografias continha os restos de um parasita. Kennedy disse que não sabia o tipo de parasita ou onde poderia tê-lo contraído. Ele suspeitava que poderia ter sido durante uma viagem pela Ásia do Sul.
Entenda a condição de Kennedy
Especialistas em doenças infecciosas e neurocirurgiões acreditam que, com base no que Kennedy descreveu, provavelmente era uma larva de tênia de porco em seu cérebro.
Em entrevista ao The New York Times, o professor de doenças infecciosas da Universidade do Texas Medical Branch, Clinton White, disse que os ovos microscópicos da tênia são pegajosos e facilmente transferidos de uma pessoa para outra. Uma vez eclodidos, as larvas podem viajar pelo sangue e “acabar em todos os tipos de tecidos“.
Ele explicou que é improvável que um parasita coma partes do cérebro pois ele se alimenta de nutrientes do corpo. As larvas de tênia no cérebro são relativamente pequenas e podem viver lá por anos sem causar problemas, embora, quando morrem, possam desencadear inflamação, convulsões, dores de cabeça e tonturas.
Segundo a revista Emerging Infectious Diseases, há cerca de 2.000 hospitalizações para essa condição a cada ano nos EUA; ela é conhecida como neurocisticercose.
Também em entrevista ao The Times, o curador do Laboratório Manter de Parasitologia da Universidade de Nebraska-Lincoln, Scott Gardner, disse que, uma vez que qualquer verme está no cérebro, as células se calcificam ao seu redor, “e você vai basicamente ter algo quase como um tumor que ficará lá para sempre. Não vai para lugar nenhum“.
Envenenamento por mercúrio
Na época, Kennedy também foi diagnosticado com envenenamento por mercúrio. Ele atribuiu isso à sua dieta rica em peixes predadores, conhecidos por terem níveis elevados do elemento químico. “Eu amava sanduíches de peixe com atum. Comia o tempo todo. Eu tenho problemas cognitivos, claramente. Tenho perda de memória de curto prazo e tenho perda de memória de longo prazo que me afeta“, afirmou.
Seus testes de sangue mostraram níveis de mercúrio 10 vezes mais altos do que considerado seguro pela Agência de Proteção Ambiental. Gardner ressaltou que era possível que um verme causasse os sintomas de Kennedy, porém eles também estavam fortemente associados ao envenenamento do elemento químico.
O pré-candidato à presidência disse que se recuperou da perda de memória e confusão mental e não teve efeitos posteriores do parasita, que ele disse que não precisou de tratamento.
Questionada se algum dos problemas de saúde de Kennedy poderia comprometer sua capacidade para a presidência, Stefanie Spear, uma porta-voz da campanha, disse ao The Times que “essa é uma sugestão hilária, considerando a concorrência“.
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