A primeira-ministra Sheikh Hasina, de Bangladesh, cancelou sua viagem ao Brasil e à Espanha após confrontos entre policiais e manifestantes deixarem centenas de mortos neste sábado (20). Estudantes em Daca foram atingidos por munição real, disparada pela polícia de choque do país. Além disso, foi imposto um toque de recolher para tentar conter a situação.
Qual a origem dos protestos em Bangladesh?
O movimento começou com protestos estudantis no mês de julho. Os alunos protestaram contra um sistema de cotas nos cargos públicos que favorece determinados segmentos da sociedade. Por exemplo, filhos dos veteranos da guerra de libertação de 1971 contra o Paquistão possuem uma vantagem social.
Por conta do crescimento dos protestos, as autoridades proibiram reuniões públicas. Além disso, também interromperam a internet para comprometer a comunicação dos grupos. De acordo com uma contagem da Agence France-Presse (AFP), pelo menos 105 pessoas morreram nos confrontos.
Entretanto, após a polícia usar munição real para abafar protestos na capital, milhares de jovens estão exigindo o fim do mandato de Hasina, que já está há 15 anos no poder. Os manifestantes incendiaram vários prédios do governo nesta semana.
Toque de recolher
O governo de Bangladesh impôs um toque de recolher na meia noite de sexta-feira (19), que deve permanecer em vigor até a manhã de domingo.
Ao mesmo tempo, o Gabinete da Primeira-Ministra pediu que o exército enviasse tropas para ajudar a polícia a conter as multidões. “O exército foi mobilizado em todo o país para controlar a desordem pública“, disse o porta-voz das forças armadas, Shahdat Hossain.
O porta-voz da polícia, Faruk Hossain, informou que os confrontos de “centenas de milhares de pessoas com a polícia na capital” deixaram pelo menos 150 agentes internados em hospitais.
Condenação da ONU
O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, criticou a repressão policial em Bangladesh e descreveu os ataques como “particularmente chocantes e inaceitáveis”.
Ainda conforme a lista de AFP, somente hoje 52 pessoas foram mortas em Daca. Mais de dois terços das mortes registradas nesta semana decorreram do fogo policial.