VIOLÊNCIA

Missionários católicos avisam que ataques a terras indígenas cresceram em 2021

Quantidade de invasões de 2021 quase triplicou em relação aos registros de 2018.

176 assassinatos e 14 casos de violência sexual foram denunciados no relatório (Créditos: Andressa Anholete / Getty Images)

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) da Igreja Católica divulgou seu relatório anual nesta quarta-feira (17) onde observou um aumento da violência e ataques a terras indígenas no Brasil em 2021.

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O CIMI constatou que esse foi o sexto ano consecutivo de aumentos na quantidade e na intensidade dos ataques aos indígenas no Brasil. Foram 305 invasões possessórias, expropriações ou explorações ilegais de terras indígenas em 22 estados da federação, afetando 226 terras. O número quase triplicou desde 2018, quando foram 109 invasões.

Também foram registrados 355 casos de violência contra pessoas. A CIMI registrou 176 assassinatos, 20 homicídios culposos, 33 casos de abuso de poder, 19 ameaças de morte, 39 ameaças variadas, 21 lesões corporais dolosas, 12 tentativas de assassinatos, 21 casos de racismo e 14 registros de violência sexual.

O documento ainda aponta o governo de Jair Bolsonaro (PL) como parcialmente responsável pelos tristes resultados. “Em seu terceiro ano, o governo de Jair Bolsonaro manteve a diretriz de paralisação das demarcações de terras indígenas e omissão completa em relação à proteção das terras já demarcadas. Se, do ponto de vista da política indigenista oficial, essa postura representou continuidade em relação aos dois anos anteriores, do ponto de vista dos povos ela representou o agravamento de um cenário que já era violento e estarrecedor“, escreve o CIMI.

Segundo o relatório, a situação dos ataques é ainda mais grave para os indígenas Yanomamis, que têm sua terra ocupada por 20 mil garimpeiros ilegais (número estimado).

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Os ataques criminosos, com armamento pesado, foram denunciados de forma recorrente pelos indígenas – e ignorados pelo governo federal, que seguiu estimulando a mineração nestes territórios. Os garimpos, além disso, serviram como vetor de doenças como a Covid-19 e a malária para os Yanomami“, relata o CIMI.

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